Meu namorado morreu por acreditar em tratamentos "alternativos" contra o câncer

Meu namorado morreu por acreditar em tratamentos

 

"Costumávamos fazer pequenos shows com o meu coral e a banda de Sean", diz ela. "Nos divertíamos muito e foi assim que eu o conheci: por meio da música."

Aimee descreve Sean como a pessoa mais divertida que ela já conheceu. "Ele era a alma da festa. Ele adorava estar no palco e tocar violão. Ele era conhecido em Liverpool por sua banda. Sempre feliz e amável."

Aimee estava namorando Sean havia alguns meses quando ele foi diagnosticado com um linfoma de Hodgkin pela segunda vez. Ela sabia que Sean teve câncer aos 17 anos e fez quimioterapia por meses, mas ainda assim foi chocante quando ele foi diagnosticado novamente.

Na época, os médicos que tratavam de Sean disseram que ele tinha pelo menos 50% de chance de sobrevivência no longo prazo com mais quimioterapia. Mas, depois de ler muito na internet, Sean acreditou que poderia se curar do câncer se desintoxicando e mudando seu estilo de vida, evitando assim os efeitos colaterais da quimioterapia.

Sean também confiou em "scanners termográficos" (imagens mostrando mapas de calor corporal). Ele os tomou como prova de que tratamentos alternativos estavam funcionando, embora o Sistema de Saúde Britânico (NHS) advirta que não há evidências de que a termografia seja uma maneira eficaz de detectar ou controlar o câncer.

Aimee disse que, para ela, os scanners, que eram promovidos como "livres de radiação", estavam dando uma falsa esperança. "Eles me acalmaram um pouco. Acreditei que estavam funcionando até que ele precisou ser internado."

Infelizmente, ambos estavam errados. O autotratamento de Sean não funcionou e, em janeiro de 2018, ele foi levado às pressas para o hospital.

"Ele estava muito, muito doente. Visivelmente doente. Mas como eu estava com ele há tanto tempo, não conseguia ver isso. Uma amiga me disse: "Aimee, Sean não parece muito bem"."

"Ele costumava responder coisas como "oh, é a reação de Herxheimer", o que significa que você piora antes de melhorar. Isso é o que era dito em muitos fóruns de "medicina alternativa"."

"Até chegarmos ao hospital, onde nos disseram: "Ao longo deste ano, quando pensavam que (o linfoma) estava encolhendo, estava na verdade crescendo", e eu não me dei conta de que não estava funcionado."

Os médicos encontraram um tumor do tamanho de uma laranja no estômago de Sean e outros três pelo corpo. Sean morreu em janeiro de 2019 aos 23 anos.

"Memes foram uma fonte de ideias para tratamentos"

Pouco depois de Sean ter sido informado de que seu câncer havia retornado, ele decidiu recusar a quimioterapia. Ele e a namorada começaram a assistir a inúmeros vídeos e documentários do YouTube e a ouvir palestras.

Aimee disse que ela e Sean mergulharam em fóruns e comunidades da internet dedicadas a "curar o câncer de forma natural".

"No começo, pensei: "Como você vai curar seu próprio câncer?" Fiquei tão chocada que disse: "Na verdade, acho que você não deveria fazer isso". "

"Eu não o apoiei nem a mãe dele, mas aos poucos mergulhamos completamente neste mundo."

Sean tornou-se vegano, experimentou óleo de cannabis e começou a aplicar enemas de café para tentar se curar. Ele começou a documentar sua experiência em lives no Facebook e ganhou muitos seguidores.

"Falávamos sobre teorias da conspiração, discutíamos e consolidávamos nossas crendices", acrescenta Aimee.

Memes, sem referências sobre sua origem, compartilhados online se tornaram uma fonte de ideias de "tratamento", reforçando seus pontos de vista.

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