Entenda os diferentes números de eficácia da Coronavac

Entenda os diferentes números de eficácia da Coronavac

O que esses dois números significam?

O dado divulgado nesta terça indica que a vacina reduz em 50% a chance de desenvolver a Covid-19 em qualquer intensidade, desde casos muito leves, com os sintomas mais brandos, até os mais graves.

Esse número é calculado com base no número de participantes do estudo que tiveram a Covid-19 confirmada por exame laboratorial (RT-PCR). No total, foram analisadas informações de 9.242 voluntários divididos em dois grupos. Um grupo de 4.653 participantes recebeu a Coronavac, e outro, de 4.599 pessoas, recebeu o placebo (substância sem efeito).

Dos participantes, 252 tiveram a doença confirmada -167 delas faziam parte do grupo do placebo e 85 haviam recebido a vacina. Desta forma, os números mostram que quem tomou a Coronavac está 50,38% mais protegido contra a doença.

Mas este não é o único número que importa no contexto da atual pandemia, quando a quantidade de mortos pela doença no Brasil passa de 200 mil e os novos casos que necessitam de atendimento médico pressionam o sistema de saúde país afora.

No caso da taxa de 78% divulgada na semana passada, ela significa que, de cada cem pessoas que receberem a vacina e se infectaram com o Sars-CoV-2, 78 estarão protegidas contra a evolução da doença, mesmo que tenham algum sintoma.

Além disso, segundo o Insituto Butantan, nenhum participante que recebeu a Coronavac precisou de internação (casos moderados a graves). No estudo, foram registrados sete casos mais graves, mas todos eles no grupo do placebo.

Para dizer que a vacina protege 100% dos casos graves e mortes, no entanto, ainda é preciso ter confirmação.

Foto: Reprodução/Twitter

Somente no anúncio desta terça (12) o instituto divulgou que ainda não podemos ter certeza de que a Coronavac é 100% eficaz para evitar casos graves, pois o número não possui significância estatística, isto é, não há uma quantidade suficiente desses casos registrados no estudo que permita notar com clareza que o fato de os vacinados não terem nenhum caso grave é um efeito do imunizante e não do acaso.

Um dado muito importante é que a vacina se mostrou segura, de acordo com as informações divulgados. Apenas 0,3% dos participantes reportaram algum tipo de reação alérgica à vacina. A maioria (cerca de 40%) dos efeitos reportados foi dor no local da injeção.

Em entrevista ao canal Globonews, Dimas Covas, diretor do Butantan, disse que esses dados dizem respeito ao estudo conduzido no Brasil, que contou com a participação de profissionais da área da saúde que trabalham com pacientes da Covid-19. “Essa é a eficácia obtida em um estudo; esses dados não são comparáveis”, afirmou.

A divulgação de dados mais completos ajuda a entender o perfil da vacina e como ela pode barrar o avanço da pandemia. Mas há ainda questões a serem respondidas pelo Butantan, como a eficácia do imunizante para diferentes faixas etárias e a capacidade da vacina de evitar casos assintomáticos -quando a pessoa se infecta com o vírus, mas não manifesta nenhum sintoma. Mesmo sem sinais da doença, essas pessoas podem transmitir o vírus.