Trump suspende restrição de viagem do Brasil aos EUA 2 dias antes de sair

Trump suspende restrição de viagem do Brasil aos EUA 2 dias antes de sair

Segundo a reportagem apurou, todas as questões burocráticas em relação ao Brasil tinham sido resolvidas nos últimos dias e as autoridades só estavam esperando o aval de Trump, antes de o republicano deixar o cargo.

Desde maio, somente americanos ou estrangeiros com residência permanente nos EUA podiam entrar no país vindo de nações sob restrição -havia exceções para casos como vistos diplomáticos e para quem viajava por razões humanitárias, de saúde pública e de segurança nacional, por exemplo.

O governo americano havia se comprometido, nos bastidores, a analisar a situação do Brasil logo no primeiro grupo de países em que a suspensão ou revisão de restrições fosse reconsiderada -o que constava também a Europa- mas não havia garantias sobre datas ou formato para uma medida concreta.

De acordo com pessoas envolvidas nas negociações, os EUA avaliavam tanto suspender totalmente as restrições -cenário considerado mais difícil de acontecer até o fim do ano- como liberar a entrada de grupos de viajantes de forma escalonada, autorizando primeiro a entrada de estudantes e empresários, por exemplo.

Além do Brasil, a decisão de Trump beneficia viajantes que passaram pelo Reino Unido, Irlanda e pela pela zona Schengen, que reúne 26 países europeus e onde não há controle de passaportes nas fronteiras internas. O veto à entrada da maioria de cidadãos estrangeiros que viaja da China e do Irã aos EUA, porém, permanece vigente.

Os EUA ainda são os líderes do mundo em número de casos e mortes por Covid-19, com quase 270 mil vítimas, mas houve muita pressão, principalmente por parte das empresas aéreas, para que a circulação de passageiros fosse retomada depois de tantos meses.

Foto: Reprodução

O plano ganhou apoio de membros da força-tarefa do coronavírus da Casa Branca, da área de saúde pública do governo americano e de outras agências federais, sob argumento de que as restrições não faziam mais sentido, já que a maioria dos países ao redor do mundo não estava mais sujeita a proibições deste tipo.

Além disso, autoridades do governo Trump afirmavam que o fim das restrições seria um alívio para as companhias aéreas americanas, que viram as viagens internacionais caírem 70%, de acordo com o setor.

Assim como os EUA, Europa e Brasil têm assistido a novos picos no número de casos por Covid-19 nas últimas semanas, e diversos países europeus e estados americanos voltaram a adotar restrições para tentar conter uma nova onda da doença que já matou mais de 2 milhões de pessoas em todo o mundo.

Trump determinou a proibição de entrada nos EUA de estrangeiros vindos da China em 31 de janeiro de 2020, ainda no início da pandemia, quando o país asiático era o epicentro da crise sanitária. No mês seguinte, adicionou à lista o Irã e, em março, estendeu as restrições a pessoas vindas da zona Schengen, Reino Unido e Irlanda.

Naquele momento, a Casa Branca já avaliava a situação da pandemia no Brasil, e a decisão de barrar a entrada de pessoas que passaram pelo país foi cogitada publicamente diversas vezes por Trump.

Embora evitasse criticar o presidente Jair Bolsonaro publicamente, Trump falou da crise sanitária no Brasil com gravidade e preocupação. O presidente brasileiro foi um dos poucos líderes da América Latina -e do mundo- a minimizar a gravidade da Covid-19.

A restrição à entrada de viajantes do Brasil foi imposta, enfim, no final de maio. Desde então, apenas cidadãos americanos ou estrangeiros com residência permanente nos EUA podiam entrar no país caso tivessem passado pelo Brasil nos últimos 14 dias, salvo poucas exceções liberadas pelo governo americano.

Enquanto o bloco europeu ainda restringe a entrada de americanos, o Reino Unido e a Irlanda solicitam duas semanas de isolamento. O Brasil não tem restrições para quem chega dos EUA.