"Na próxima semana, entregamos mais 3 milhões de doses de vacina", diz diretor do Butantan

“Isso nos preocupa muito porque dependemos da chegada da matéria-prima o quanto antes para regularizarmos a entrega para o Ministério da Saúde. E todas essas idas e vindas do governo federal é claro que tem um impacto no ritmo de liberação”, pontuou. Segundo ele, a entrega do imunizante está acontecendo, mas em uma quantidade menor do que poderia acontecer. “Tanto o Butantan quanto a Sinovac têm capacidade de processar maior número de vacinas, essa é a grande questão”.

Na quarta-feira (5), o presidente Jair Bolsonaro voltou a fazer ataques diretos à China citando uma teoria da conspiração de que o vírus da covid tenha sido criado em laboratório ou causado por ingestão de um animal. Bolsonaro chegou a classificar a pandemia como “guerra química”.

Dimas classificou que a fala de Bolsonaro contém “inúmeras inverdades” que vão contra o relatório produzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que descarta a hipótese de o vírus ter sido fabricado em um laboratório chinês. “Todas as declarações nesse sentido têm repercussão”, destaca Dimas Covas. “Nós já tivemos um grande problema no começo do ano e estamos enfrentando de novo o mesmo problema”.

Na avaliação de Dimas Covas, apesar da troca do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo por Carlos França, o governo continua sem alinhamento sobre a pandemia da covid-19. “Embora a embaixada da China no Brasil venha dizer que não há esse tipo de problema, a nossa sensação de quem está na ponta é que existe dificuldade”, disse.

O governador, João Doria (PSDB), também reagiu às manifestações feitas contra China dizendo que as “sucessivas” declarações contra o país geram um “profundo mal-estar na chancelaria e na diplomacia chinesa”. Segundo o governador paulista, “é inacreditável que diante de uma circunstância onde precisamos salvar vidas, proteger vidas, e termos mais vacinas, tenhamos alguém criticando a China, que é o grande fornecedor de insumos para a vacina”.