“A gente conseguiu apurar que muitos dos indivíduos que teriam participado dessa ação mais recente teriam participado da ação do ano passado. Isso para a gente está confirmado”, afirmou delegada.
Ela ainda afirmou que havia uma espécie de padrão na conduta dos seguranças: “A gente começou a perceber que a ação era algo muito padrão com aquele grupo de segurança”.
A delegada-geral da Polícia Civil da Bahia, Heloísa Campos de Brito, afirmou que a polícia está atenta à possível participação do Atakarejo, por meio de seus seguranças, no crime. “É muito latente a responsabilidade da empresa”, disse.
De acordo com delegada Andréa Ribeiro, ainda não é possível afirmar se havia um direcionamento do comando da rede de supermercados para que pessoas que cometessem furtos no local fossem entregues a traficantes.
Ela disse que “tudo indica” que houve participação do gerente de segurança da unidade do Atakarejo de Amaralina no desfecho do caso que resultou na morte de Bruno e Yan.
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia deflagrou na manhã desta segunda-feira a Operação Retomada, que resultou na prisão de sete pessoas, incluindo três seguranças.
A Polícia Civil não informou se os seguranças fazem parte do quadro de funcionários do Atakarejo ou da empresa de segurança que presta serviços ao supermercado.
A operação policial teve a participação de cerca de 200 policiais civis, militares, agentes da inteligência da Secretaria de Segurança Pública e do Departamento de Polícia Técnica.
Foram realizadas incursões em Salvador, nos bairros do Nordeste de Amaralina, Mata Escura e Fazenda Coutos, e na cidade de Conceição do Jacuípe. Um mandado de busca e apreensão foi cumprido na sede do Atakadão Atakarejo, onde foram apreendidos computadores e outros equipamentos.
O caso está sendo acompanhado pelo Ministério Público do Estado da Bahia, pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa da Bahia e pela seccional local da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Em nota divulgada nesta segunda-feira, o Atakarejo informou que “não comenta decisões judiciais e vai continuar colaborando com as autoridades competentes para que o fato policial seja esclarecido o mais rapidamente possível”.
Em outra nota divulgada na semana passada, dez dias após o assassinato de Bruno e Yan, o Atakarejo informou que “repudia o fato ocorrido e manifesta total solidariedade às famílias das vítimas”.
Também informou que uma sindicância interna decidiu pelo afastamento dos seguranças até que os fatos sejam esclarecidos. “A empresa reafirma o compromisso com o seu código de ética e conduta e que jamais irá tolerar qualquer ato de violência.”
Na terça-feira (4), o secretário da Segurança da Bahia, Ricardo Mandarino, reconheceu que há componentes de racismo e de ódio nas mortes de Bruno e Yan.
“Trata-se de um delito resultado desse conceito vil, tosco, desumano, deturpado de que "bandido bom é bandido morto". Há, nessa ação abjeta, um componente forte de racismo estrutural e ódio aos pobres. Na cabeça dessa gente torpe, todo pobre e preto é bandido”, afirmou o secretário.
Nesta segunda-feira (10), Mandarino afirmou que o governo da Bahia não vai tolerar assassinatos cometidos por um poder paralelo.
Entidades do movimento negro de Salvador têm realizado protestos cobrando apuração do crime e punição para os culpados.
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