Ministro da Saúde e políticos lamentam marca de 500 mil mortes por Covid

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, fez uma publicação nas redes sociais lamentando a marca de 500 mil mortes pela Covid-19 alcançada no país neste sábado (19). Ele prestou solidariedade aos familiares das vítimas.
“Presto minha solidariedade a cada pai, mãe, amigos e parentes, que perderam seus entes queridos”, escreveu ele em sua conta no Twitter. “500 mil vidas perdidas pela pandemia que afeta o nosso Brasil e todo o mundo. Trabalho incansavelmente para vacinar todos os brasileiros no menor tempo possível e mudar esse cenário que nos assola há mais de um ano”.
O Brasil chega a meio milhão de mortos pela Covid-19 neste sábado, segundo registros oficiais das secretarias de Saúde dos estados reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa. A marca, portanto, não é a oficial divulgada pelo Ministério da Saúde.

Queiroga diz que trabalho do Ministério da Saúde é incansável. Foto: Agência Brasil


O número real, porém, deve ser ainda maior, já que nem todos os infectados fazem o exame para detectar a presença do coronavírus.
Este sábado também é marcado por manifestações em diferentes cidades do país contra o presidente Jair Bolsonaro. Os protestos nacionais, que reúnem milhares de pessoas, são pelo impeachment do presidente, por mais vacinas contra a Covid-19 e por auxílio emergencial.
O ministro já foi duas vezes à CPI da Covid prestar esclarecimentos sobre a atuação na pandemia do governo Jair Bolsonaro. A gestão é marcada pelo negacionismo com relação à gravidade da doença, boicote a medidas de restrição de circulação, aposta em medicamentos ineficazes e omissão nas ações para garantir vacinas para a população.
Marcelo Queiroga, a 4º pessoa a comandar a pasta durante a pandemia, tem discurso de apreço à ciência, mas as investigações na CPI têm revelado que ele não tem autonomia com relação ao negacionismo de Bolsonaro. Queiroga e outras 13 pessoas, como o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, passaram nesta semana à condição de investigados pela comissão.
A solidariedade com as vítimas nunca teve presença frequente nos discursos de Bolsonaro desde o início da pandemia. O presidente não fez declarações neste sábado sobre a marca de mortos.
Mas também neste sábado, o Palácio do Planalto divulgou um texto em que ressalta “900 dias de ações” de enfrentamento à pandemia, mas sem qualquer menção às vítimas.
Os maiores destaques da divulgação são sobre a economia e ações de infraestrutura. O governo promete no documento que até o fim do ano todos os brasileiros, “que assim o desejarem”, serão vacinados.
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, foi às redes sociais para ironizar a comoção com o número de mortes por parte da imprensa e personalidades.
“Em breve vcs [sic] verão políticos, artistas e jornalistas "lamentando" o número de 500 mil mortos. Nunca os verão comemorar os 86 milhões de doses aplicadas ou os 18 milhões de curados, porque o tom é sempre o do "quanto pior, melhor". Infelizmente, eles torcem pelo vírus”, escreveu.
Outros políticos, da esquerda à direita, também se manifestaram nas redes sociais, mas sem ironias.
Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, escreveu no Twitter: “Meus sentimentos a cada um dos conhecidos, amigos ou familiares das 500 mil pessoas mortas no Brasil pela Covid-19. Não são números, são histórias de vida que se perderam. Meu compromisso de continuar trabalhando muito para superarmos esse momento e de lutar pela vida de todos”.
Ex-presidente do partido Novo, João Amoedo lamentou o meio milhão de mortes, enviou os sentimentos às famílias e amigos das vítimas, e pediu que o Congresso abra o impeachment contra Bolsonaro. “Cabe ao Congresso honrar estas vidas perdidas: a Câmara precisa abrir o impeachment contra Bolsonaro e a CPI da Pandemia no Senado responsabilizar os culpados.”
Guilherme Boulos, do PSOL, publicou na mesma rede social a mensagem: “500 mil mortos. Meio milhão de vidas perdidas. É a maior tragédia da nossa geração. E pensar que grande parte dessas mortes poderiam ter sido evitadas. Já passou da hora de darmos um basta ao genocídio”.
O deputado federal Rodrigo Maia, expulso do DEM na última semana, falou que o “número que poderia ser bem menor se o presidente Bolsonaro tivesse defendido a vacina e não o obscurantismo desde o início”. Ele manifestou solidariedade às famílias das vítimas do coronavírus e perguntou quantas vidas teriam sido salvas se o governo estivesse comprometido em acabar com a pandemia.
Jaques Wagner, senador da Bahia, se solidariezou com as 500 mil famílias enlutadas e disse que, mais do que um número simbólico, “são vidas que poderiam ter sido preservadas, se não fosse a conduta negligente do governo federal”.
Até sexta-feira (18), o país registra 61.859.364 pessoas vacinadas com a primeira dose. O número de vacinados com a segunda dose é de 24.171.806 pessoas, o que representa 15,02% da população.