Latam pede à justiça americana extensão do prazo para apresentar plano de recuperação judicial

O grupo chileno de aviação Latam, dono da Latam Brasil, em recuperação judicial, anunciou nesta sexta-feira (10) que pediu à justiça americana aumento do prazo para apresentar seu plano de reestruturação. A companhia aderiu à lei de falência dos Estados Unidos (Chapter 11, uma espécie de recuperação judicial) em maio de 2020, seguida dois meses depois pela Latam Brasil.

O prazo para apresentar o plano era 15 de setembro, mas a empresa pede agora que a data seja 15 de outubro. O Tribunal do Distrito Sul de Nova York tem até o próximo dia 23 para decidir se aceita o pedido, que trata da exclusividade da Latam em apresentar um plano para seus acionistas e credores, sem que outros competidores apresentem ao mesmo tempo propostas de aquisição, por exemplo.

Se aceito pela justiça americana, o limite para aprovação do plano pelas autoridades é 15 de dezembro. Esta é a quarta vez que a Latam pede a postergação da apresentação do plano. A companhia tem até 23 de novembro para apresentar um plano com exclusividade.

Depois desta data, competidores como a Azul podem fazer sua oferta a acionistas e credores do grupo. A companhia presidida por John Rodgerson já deixou público o seu interesse em levar a Latam Brasil. Se concretizada, a iniciativa geraria uma concentração de cerca de 70% do mercado brasileiro de aviação civil nas mãos de Azul-Latam Brasil.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo no início deste mês, Jerome Cadier, presidente da Latam Brasil, disse que uma eventual fusão seria desvantajosa para o consumidor e iria elevar o preço das passagens.

“Nós temos recebido uma série de propostas muito interessantes, a maioria delas dos próprios acionistas e credores do grupo, que superam a injeção de US$ 5 bilhões [R$ 26,4 bilhões] na companhia, o que a deixará muito mais competitiva”, afirmou nesta sexta o presidente do grupo Latam, Roberto Alvo.

“Se eu fosse um competidor da Latam, ficaria preocupado”, disse o executivo. “A Azul quer se defender, mas não vamos vender nenhuma unidade do grupo”, afirmou.

Na noite de quinta-feira (9), o grupo divulgou seu plano de negócios de cinco anos, envolvendo as operações na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador e Peru. Até 2024, a Latam prevê recuperar a rentabilidade aos níveis de 2019 e, até 2026, aumentar o resultado operacional em 78% com relação ao período antes da pandemia.

“A recuperação é apoiada pelo aumento operacional no mercado doméstico da LATAM Airlines Brasil até o momento, que atingiu a capacidade (medida em ASK) de 77% em agosto, em relação a 2019, e deve ultrapassar 100% em relação a 2019 no início de 2022”, informou a empresa em comunicado.

“O mercado doméstico das afiliadas na Colômbia, Equador, Peru e Chile já atingiu 72% em agosto, enquanto a recuperação internacional do grupo, tanto os voos curtos na região quanto os longos, continua a ser afetada por restrições de viagens”, disse.

De acordo com a empresa, em relação a 2019, a receita total deve crescer 13% até 2026, enquanto as receitas de passageiros e de cargas devem avançar 8% e 59%, respectivamente.

As iniciativas de redução de custos durante o processo recuperação judicial, incluindo mais eficiência por meio da transformação digital, renegociação com fornecedores e reestruturação da frota, somam mais de US$ 900 milhões por ano, diz a Latam. Os custos de frota, sozinhos, representam mais de 40% da economia de caixa anual em comparação com 2019.