Defesa de Flordelis acompanha julgamento de 2 filhos por morte de Anderson

Começou na tarde desta terça (23), no Tribunal do Júri de Niterói, o julgamento de Flávio dos Santos Rodrigues e Lucas Cézar dos Santos de Souza, filhos da ex-deputada Flordelis, que foram denunciados pela morte do marido da ex-parlamentar, o pastor Anderson do Carmo, ocorrida em junho de 2019.

Flordelis está presa desde o dia 13 de agosto, após perder seu mandato, mas os advogados que representam a ex-parlamentar acompanham a sessão. O pai de Anderson, Jorge Souza, também está no tribunal acompanhado do advogado Ângelo Máximo, que atuará como assistente da acusação.

Flávio, filho biológico de Flordelis, é acusado de ser o autor dos tiros que mataram Anderson. Ele responde por porte ilegal de arma e homicídio triplamente qualificado. Lucas, filho adotivo, é acusado de ter comprado a arma utilizada no crime.

Os dois -que estão presos- chegaram algemados ao tribunal, mas a juíza Nearis dos Santos Arce, que preside o julgamento, permitiu que as algemas fossem retiradas minutos após o início da sessão.

Foto: Reprodução/Twitter

A expectativa é que o julgamento se estenda por ao menos mais um dia. Nesta terça, estão previstos os depoimentos de 17 testemunhas. A primeira foi a delegada Bárbara Lomba, que conduziu a primeira fase das investigações da polícia.

“Víamos que eles (filhos) eram peças manobradas. Pelos depoimentos, vimos que eles não planejaram nada sozinhos”, afirmou a delegada.

Os filhos de Flordelis serão julgados por sete pessoas que foram sorteadas entre uma lista de 25 convocados. A ex-deputada e outros oito réus estão sendo julgados em outro processo, já que houve um desmembramento.

Filho mudou versão

O momento mais aguardado da sessão é o depoimento de Flávio dos Santos Rodrigues. Durante as investigações da polícia, ele chegou a confessar que atirou no padrasto. No ano passado, porém, recuou, negando envolvimento no crime.

O jovem voltou atrás na confissão enquanto era representado por Anderson Rollemberg, contratado por Flordelis. Atualmente, ele é representado pela Defensoria Pública.

Nos momentos iniciais da sessão, Flávio ficou de cabeça baixa.

Rodrigo Faucz, um dos advogados de Flordelis, disse, antes da sessão, esperar que não houvesse neste julgamento elementos relacionados à sua cliente:

“Não é o momento para que sejam relacionados elementos a ela, o foco deve ser em relação a eles (filhos). A gente espera que as questões todas sejam relacionadas a eles. Ela não pode se manifestar, se defender”.

Os advogados da ex-deputada estão recorrendo ao STJ para que ela possa responder ao processo em liberdade. Ainda não há previsão de quando Flordelis irá a julgamento.

Desde o início do julgamento, a ex-deputada foi citada em diversos momentos. Ao ser questionada pelo advogado Ângelo Máximo sobre a mudança na confissão de Flávio, a delegada Bárbara Lomba afirmou que o jovem nunca citou que houve o envolvimento direto de Flordelis:

“Ele relatou um suposto abuso do pastor contra duas filhas como o motivo do crime. Nunca entregou o envolvimento direto de Flordelis, mas admitiu informalmente que pode ter sido usado por outras pessoas (próximas à ex-deputada)”.

A delegada afirmou, porém, que uma carta escrita por Lucas Cézar, em que incriminava outras duas pessoas -Wagner Andrade Pimenta, conhecido como Misael, e Luan dos Santos-, foi redigida a pedido de Flordelis.

O próprio Lucas já havia admitido em depoimento, em dezembro do ano passado, que o conteúdo da carta era falso.

Lomba reforçou ainda que “houve a intenção de proteger um esquema” e que “os mais frágeis foram explorados” ao se referir aos filhos da ex-deputada.

O pai de Anderson, Jorge Souza, que pretende acompanhar toda a sessão, disse esperar justiça no caso:

“Quero justiça, foi muita maldade, ganância. Isso aconteceu por causa de dinheiro”.