Morte por varíola dos macacos no Brasil é a primeira noticiada fora da África

Morte por varíola dos macacos no Brasil é a primeira noticiada fora da África

Para Julio Croda, médico infectologista e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, a morte tem um significado internacional por ter sido a primeira fora da África. “Não tem uma relevância só local. Tem também uma relevância mundial.”

Na última quarta (27), Tedros Adnahom, diretor-geral da OMS, afirmou que em torno de 10% dos pacientes em todo o mundo -já são mais de 21 mil casos em 79 países, segundo a organização- precisaram de atendimento médico para amenizar os sintomas da varíola dos macacos.

“Este é um surto que pode ser interrompido, se os países, comunidades e indivíduos se informarem, levarem os riscos a sério e tomarem as medidas necessárias para interromper a transmissão e proteger os grupos vulneráveis”, afirmou.

A doença foi classificada pela organização como emergência pública de preocupação global. A entidade já declarou que considera a situação do Brasil para a doença como alarmante.

Até esta quinta, o Brasil já registrava 1.066 diagnósticos confirmados da doença, conforme o Ministério da Saúde. O governo federal anunciou a criação de um comitê de emergência para a varíola dos macacos, que foi ativado nesta sexta, e trata a varíola dos macacos como um surto.

Para especialistas, a morte no Brasil acende um alerta para necessidade de conter o aumento de casos. “Temos que intensificar os esforços para conter essa doença”, diz Clarissa Damaso, virologista da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e assessora do comitê da OMS para pesquisa com vírus da varíola.

A varíola dos macacos é causada pelo monkeypox, um vírus do gênero orthopoxvirus –da qual também faz parte o patógeno que provoca a varíola, doença erradicada em 1980.

Uma das principais estratégias atuais para barrar a disseminação da doença envolve evitar contatos sexuais com desconhecidos, já que grande parte das infecções estão sendo transmitidas dessa forma.

A vacinação de públicos de maior risco, como profissionais de saúde que manipulam o vírus, e de pessoas que têm contatos com pacientes infectados também é uma das formas para barrar a evolução do surto.

Nesta sexta, após a confirmação da primeira morte, o Ministério da Saúde anunciou a encomenda de 50 mil doses de vacina contra a varíola dos macacos. A expectativa é de que cerca de 20 mil doses cheguem em setembro e o restante em outubro.

A pasta afirma que o objetivo é vacinar os profissionais de saúde que lidam diretamente com amostras biológicas –como aqueles que trabalham em laboratórios–, e pessoas que tiveram contato com os infectados.