Como identificar se sou uma pessoa consumista? Saiba os sinais e dicas de como evitar comprar por impulso

O consumismo é a prática de consumir de forma exagerada, seja bens ou serviços, muitas vezes com coisas supérfluas para a vida de quem consome. - Por Bruna Miato, g1

Como identificar se sou uma pessoa consumista? Saiba os sinais e dicas de como evitar comprar por impulso

Em tempos de redes sociais, influenciadores digitais e compras a apenas um clique, é difícil encontrar alguém que nunca tenha feito uma compra por impulso ou que tenha exagerado nos gastos.

Há casos, porém, em que as compras por impulso são apenas um sinal de um problema maior e que precisa ser identificado e tratado: o consumismo.
O consumismo é a prática de consumir de forma exagerada, seja bens ou serviços, muitas vezes com coisas supérfluas. Além disso, esse consumo costuma estar associado a sentimentos intensos, como o desejo de pertencimento, por um lado, e a culpa e frustração, por outro.

Por se tratar de um comportamento vicioso, quem enfrenta o consumismo pode ser beneficiado por terapias que tratam as causas do problema. Porém, algumas atitudes na vida financeira também podem ajudar a evitar as compras por impulso e evitar que as contas virem uma bola de neve, segundo Ana Leoni, educadora financeira e CEO da Planejar.

A especialista foi a convidada do terceiro episódio da nova temporada do podcast Educação Financeira, que fala sobre como organizar as contas ainda neste ano para começar o próximo com o pé direito.

Mais que o consumo exagerado, explica Ana Leoni, há outros dois fatores particulares que ajudam a identificar o consumismo:

  1. O ato de exagerar costuma estar relacionado a um estilo de vida que a pessoa quer ter (ou parecer que tem);
  2. A reação ao consumo costuma ser cercada de sentimentos negativos, como culpa e frustração.

1?? Embora o consumismo não seja novidade, ele aparece com mais frequência hoje em dia porque a forma de consumir, de se comunicar e de desejar ficaram diferentes — e agora são mais fáceis, graças às redes sociais.

Influenciadores digitais e até o conteúdo editado de pessoas comuns mostram apenas os recortes felizes de suas vidas. Em busca de um modelo parecido, o consumidor passa a buscar os mesmos produtos, bens e serviços que proporcionem esse estilo de vida, explica Ana Leoni.

"Quando a gente olha uma foto muito editada, muito legal na rede social, em que a pessoa está ali naquele lugar paradisíaco, tomando um champanhe caríssimo, vestindo roupa da grife da vez... ao tentar replicar aquela imagem, consumindo aquela coisa, viajando para aquele lugar, a pessoa busca sentir o que aquela foto expressa, aquela liberdade, aquela satisfação, aquela delícia de estar naquele ambiente."

"Quando a gente olha uma foto muito editada, muito legal na rede social, em que a pessoa está ali naquele lugar paradisíaco, tomando um champanhe caríssimo, vestindo roupa da grife da vez... ao tentar replicar aquela imagem, consumindo aquela coisa, viajando para aquele lugar, a pessoa busca sentir o que aquela foto expressa, aquela liberdade, aquela satisfação, aquela delícia de estar naquele ambiente."

"Quando a pessoa consegue comprar tudo aquilo (que desejou para alcançar o ideal de felicidade), não necessariamente ela vai sentir para ela aquilo que ela projetou com aquela foto (nas redes sociais), e aí vem a frustração muito forte", diz Ana Leoni.

"O dinheiro é feito para gastar, mas não tudo de uma vez e não em qualquer coisa, essa é uma distinção", comenta. "O problema é você colocar no ato de consumir a busca de uma sensação que você não está encontrando em outro lugar".

"O dinheiro é feito para gastar, mas não tudo de uma vez e não em qualquer coisa, essa é uma distinção", comenta. "O problema é você colocar no ato de consumir a busca de uma sensação que você não está encontrando em outro lugar".

"Essa é uma organização financeira mais eficiente e que, independentemente do orçamento, aproxima mais [a pessoa] da independência financeira", explica.

A chegada do 13° salário e outros "extras" podem ajudar a colocar esse modelo em prática. Em vez de usar o dinheiro para comprar presentes ou esbanjar com roupas novas, vale já separar uma fatia para arcar com os gastos de começo de ano — como IPTU, IPVA, mensalidade escolar e férias —, investir um pedaço e, só então, pensar em outros desejos menos prioritários.

  • Evitar compras por ocasião

O primeiro passo para evitar compras por impulso é saber o que vai comprar e se manter fiel ao que foi definido. Isso vale para todo tipo de compra, dos supermercados às lojas de roupas.

Sabendo o que realmente precisa ser comprado — mesmo que a compra não seja de necessidades básicas —, a pessoa consegue buscar o produto de forma mais certeira.

  • Atenção aos gatilhos de marketing

Campanhas publicitárias de fim de ano podem ser mais agressivas para estimular o consumo nessa época. Os gatilhos de marketing sempre vão fazer com que as promoções pareçam um ganho, não um gasto.

A estratégia, então, é sempre se perguntar se também compraria aquele mesmo produto se o preço dele fosse maior. Se a resposta for não, cabe avaliar se a compra é realmente necessária.

Vale tomar cuidado também com os gatilhos para comprar mais, como a oferta de frete grátis apenas para compras acima de determinado valor. Se para ter um frete de R$ 20 grátis, por exemplo, for necessário gastar mais R$ 50, a compra pode não compensar.

  • Não à "Síndrome do Papai Noel"

O desejo de presentear pessoas próximas também pode acabar mal. Ana chama a situação de "síndrome do Papai Noel".

O desejo de agradar as pessoas queridas pode gerar muitas compras por impulso e até resultarem em um gasto acima do que é possível arcar. A educadora financeira, entretanto, destaca que há outras formas de agradar que não seja fundamental comprar um presente para cada um.

Sugerir um "amigo secreto", por exemplo, pode funcionar muito bem, pois estipula um preço para o presente, sem gerar constrangimentos quando uma pessoa ganha algo mais caro do que outra.