Especialista: Se me oferecessem passagem nesse voo, escolheria ir de carro.
Se me oferecessem uma passagem para voar com essa aeronave e nesse aeródromo, em Ubatuba (SP), onde ocorreu um acidente na manhã desta quinta-feira (9), eu preferiria ir de carro, afirmou o especialista em gerenciamento de risco Gerardo Portela no UOL News, do Canal UOL.
Eu, por exemplo, se me oferecessem uma passagem nessa aeronave para esse aeródromo, eu preferiria ir de carro. No meu entendimento, descartaria esse risco de voar com uma aeronave como essa, nesse aeródromo precário.
Gerardo Portela, especialista
Um avião de pequeno porte explodiu após sair da pista em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Cinco pessoas estavam a bordo no momento do acidente, sendo quatro passageiros e o piloto, que morreu. O voo partiu do Aeroporto Municipal de Mineiros, em Goiás (SWME), segundo a Rede VOA, concessionária responsável pelo aeroporto de Ubatuba.
Três pessoas que passavam pelo calçadão também foram atingidas. A Prefeitura de Ubatuba havia confirmado duas mortes, mas voltou atrás minutos depois. Até o momento, somente a morte do piloto foi confirmada oficialmente pelo órgão.
Ao Canal UOL, Portela considerou os riscos de voo com esse modelo de aeronave específico, mas de acordo com as condições climáticas, a experiência do piloto e as ferramentas disponibilizadas.
Você pode ter uma quantidade enorme de pousos bem-sucedidos com essa aeronave, mas você vai depender muito da condição climática, do piloto e de uma série de fatores ali do aeródromo que estão com pouco controle das autoridades.
Esse aeródromo é muito limitado para um pouso em condições de chuva, em condições de mau tempo. Deveria ter, sim, mesmo uma fiscalização maior para voo privado, só que a quantidade de voos privados é muito grande e a nossa infraestrutura da ANAC é limitada.
O produto pode ser excelente, mas se não tiver segurança não interessa. Então, o avião é maravilhoso, é um piloto excelente, mas acontece que não tem segurança no cenário, então não interessa o produto.
Gerardo Portela, especialista.
No UOL News, Portela afirmou ainda que as condições climáticas não estavam favoráveis e que o piloto forçou pouso na pista molhada.
A pista e as condições climáticas não estavam favoráveis a esse pouso. Houve um problema de aderência. Como falamos da questão do atrito, ele precisa controlar a aeronave para decolar, mas ainda muito mais para pousar, principalmente tratando-se de uma pista curta, limitada. Então muitas vezes a decolagem é feita em outro local, distante, com condições climáticas diferentes.
Essa é uma região conhecida pela dificuldade para pousos em condições visuais porque chove muito. É a área de Ubatuba, Paraty e Angra dos Reis - inclusive a usina nuclear foi construída ali justamente porque é um dos lugares do Brasil onde mais chove. Há muita nebulosidade, umidade e nuvens.
Existem vários aeródromos ali. Esse piloto tentou fazer o pouso e ainda havia bastante combustível, mas talvez não o suficiente para sair da região. Ele forçou o pouso numa pista molhada. Era o que ele tinha e provavelmente não conseguiu reduzir a velocidade.
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