Conselheiro e ex-deputado em MS vai responder em liberdade por posse ilegal de arma e receptação

Conselheiro e ex-deputado em MS vai responder em liberdade por posse ilegal de arma e receptação

Gaeco fez buscas em imóveis de Jerson Domingos durante a segunda fase da operação Omertá, que apura plano de execução de autoridades do estado. Gaeco no apartamento de Jerson Domingos, em MS

Osvaldo Nóbrega/TV Morena

O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado e ex-deputado estadual, Jerson Domingos, vai responder em liberdade por posse ilegal de arma de fogo e receptação. Em imóveis dele, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) encontrou, terça-feira (17), arma de fogo e uma motocicleta com suspeita de adulteração.

O Gaeco esteve em imóveis de Jerson Domingos em cumprimento a mandados de busca e apreensão que integram as investigações para desarticular um plano para matar um delegado de Polícia Civil e um promotor de Justiça de Mato Grosso do Sul.

Jerson foi levado para a Delegacia Especializada Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras), ouvido e liberado. Por força do cargo, ele só pode ser preso em caso de crimes inafiançáveis . O advogado dele, Renê Siufi, disse que ainda não se inteirou da investigação e por isso, não irá se pronunciar no momento.

Omertá II

O Gaeco cumpriu 18 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, Sidrolândia, Aquidauana, Rio Verde, Rio Negro e João Pessoa (PB).

Segundo o Gaeco, foram apreendidos com os investigados cinco espingardas, cinco revólveres, 160 munições de diversos calibres e uma moto com sinal identificador adulterado. Também foram recolhidos computadores e documentos.

A operação foi deflagrada após o plano de matar autoridades do estado ter sido encontrado em um papel higiênico, entre as celas de Jamil Name e Jamil Name Filho, ambos internos do Presídio Federal de Mossoró (RN).

Plano

Trecho das supostas anotações da milícia do jogo do bicho com plano para matar promotor e delegado em MS

Reprodução/G1 MS

O papel foi encontrado por agentes do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), entre as celas do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) ocupadas pelos empresários Jamil Name e seu filho, Jamil Name filho. Eles são acusados de chefiarem a milícia do jogo do bicho em Mato Grosso do Sul.

O advogado Renê Siufi, que defende a família Name, disse que ainda não se inteirou sobre a nova investigação e que, por isso, não vai se pronunciar neste momento.

O papel higiênico ainda tinha "ordens" para que dois advogados, um com escritório em Mato Grosso do Sul e outro residente na Paraíba, fossem os responsáveis por comunicar pessoalmente a ordem dos atentados a dois integrantes do grupo, um homem e uma mulher.

Um outro trecho da suposta anotação da milícia teria uma determinação de um dos seus líderes. O homem identificado no papel como "Jamil" passa para que "Marcelo", que seria Marcelo Rios, um dos gerentes da quadrilha, assuma todas as acusações, livrando ele e seu pai das denúncias. No texto, o autor ainda destaca que Marcelo terá todo o suporte necessário e ainda promete uma recompensa no valor de R$ 100 mil.

Diz a anotação: "Jamil passou para que Marcelo assumir tudo e tira ele e o pai desse B.O., que ele terá todo o suporte necessário que ele precisar e vai dar R$ 100 mil para ele".

Omertá

A primeira fase da operação Omertá foi deflagrada em setembro de 2019. A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul e o Gaeco prenderam empresários, policiais e, na época, guardas municipais, investigados por execuções no estado.

A suspeita é que o grupo tenham executado pelo menos três pessoas na capital sul-mato-grossense, desde junho de 2018. Outras mortes também estão sendo investigadas.

A última morte atribuída ao grupo é do estudante de Direito Matheus Coutinho Xavier, de 19 anos. Ele foi atingido por tiros de fuzil no dia 9 de abril, quando manobrava o carro do pai, na frente de casa, para pegar o dele e buscar o irmão mais novo na escola.

Pouco mais de um mês depois, no dia 19 de maio de 2019, policiais do Garras e do Batalhão de Choque da Polícia Militar (BpChoque) apreenderam um arsenal com um guarda municipal, em uma casa no Jardim Monte Libano. Foram apreendidos 18 fuzis de calibre 762 e 556, espingarda de calibre 12, carabina de calibre 22, além de 33 carregadores e quase 700 munições.

Segundo as investigações do Gaeco, esse arsenal pertencia ao grupo preso na operação Omertá. A força-tarefa investiga se as armas foram usadas em crimes de execução nos últimos meses.