Caixa tem fila de 5 horas para saque dos R$ 600

Caixa tem fila de 5 horas para saque dos R$ 600

 

Além disso, trabalhadores que não conseguiram movimentar a conta digital da Caixa para receber o auxílio engrossaram as filas nas portas das agências em São Paulo.

Na avenida Sapopemba, em São Mateus (zona leste), a fila se formou ao amanhecer. Por volta das 9h, mais de 200 pessoas esperavam atendimento.

Sem respeitar a distância de 1,5 metro entre as pessoas, a aglomeração tomou o quarteirão inteiro ao redor da agência. Boa parte utilizava máscara, mas a necessidade de obter informações ou sacar o benefício contou mais do que o receio de um possível contágio pelo novo coronavírus.

É o caso do servente de pedreiro José Roberto de Jesus, 42, do Carrãozinho (zona leste), desempregado há dois anos. Ele conta que chegou às 6h30 no local e, às 9h30, ainda não havia sido atendido. Jesus afirma que o pedido de auxílio emergencial havia sido aprovado pelo aplicativo.

O prestador de serviços Francisco Pereira de Oliveira, 66, do Jardim Colonial (zona leste), era um dos que não usavam máscara e diz que está há mais de 20 dias sem trabalhar. "No aplicativo diz que fui aprovado. Vamos ver."

A costureira Gildava Pereira, 59, do Jardim Nova Conquista (zona leste), estava de máscara, mas com receio. "Estou com medo de ficar aqui, mas não tenho conta na Caixa. Então tive que vir pessoalmente. Espero que dê certo."

A fila na Caixa do Jardim Iguatemi (zona leste) começou a se formar ainda na madrugada, por volta das 5h, e ao meio-dia muitas das pessoas que amanheceram na porta da agência ainda aguardavam pelo atendimento.

Funcionários do banco distribuíram 250 senhas. O número era insuficiente para dar conta das centenas de pessoas alinhadas em dois quarteirões.

A Caixa do Jardim Iguatemi atende também moradores de outros bairros populosos do extremo leste da capital paulista, como Cidade Tiradentes, que não possuem unidades do banco estatal.

É o caso da dona de Casa Jaqueline Campos, 31, que mora em Cidade Tiradentes. Ela nasceu em janeiro e está entre as pessoas cujo calendário estabelecido pelo governo permite o saque em dinheiro.

Mãe de três crianças e casada com um trabalhador autônomo, ela conta que a família está sem renda. Sem conseguir movimentar o auxílio, já liberado, pela internet, ela chegou às 7h na fila e, às 12h, ainda aguardava atendimento.

"Espero receber [o dinheiro], mas acho que não vou conseguir porque falta o código [que valida a autorização para a movimentação da conta digital]", contou Jaqueline.

Na Bela Vista (região central), a fila do lado de fora da agência variava entre 10 e 20 pessoas, e a espera para entrar no banco levava cerca de 20 minutos por volta das 9h.

Além da demanda inferior, um dos motivos que fazia ma fila andar rápido era a dispensa da maioria das pessoas porque elas não eram nascidas em janeiro ou fevereiro, condição necessária para realizar o saque nesta segunda.

A opção para saque é liberada no aplicativo Caixa Tem segundo o mês de aniversário do trabalhador. Na tela aparecerá a data em que será possível fazer a retirada em dinheiro na agência ou lotérica. A intenção, afirma a Caixa, é evitar aglomerações, expondo funcionários e clientes ao vírus.

Como a conta digital não tem cartão, o beneficiário precisar usar o aplicativo, que fornece o código necessário para a operação de saque nos caixas eletrônicos. Porém, são constantes as queixas de dificuldades de acesso.

O polidor Nilton Inácio dos Santos, 24, sacou os R$ 600 no Jaçanã (zona norte). "Foi muito rápido. Eles dividiram em duas filas, uma para saque e outra para informações", disse ele, que está desempregado, assim como a esposa, desde que o estacionamento onde trabalhavam fechou as portas por causa da quarentena.

A Caixa afirma que disponibilizou cerca de 3.000 funcionários para reforçar as equipes para orientação e atendimento ao público e liberou uma nova versão do aplicativo Caixa Tem. "A atualização já está disponível para download."

Segundo a Caixa, a nova versão do aplicativo amplia a capacidade de acessos simultâneos, disponibilizando uma previsão de atendimento aos usuários que não conseguirem acesso imediato nos horários de maior utilização.

Ainda nesta segunda, Jair Bolsonaro disse que não pretende ampliar para outras categorias o auxílio emergencial. A proposta foi aprovada pelo Legislativo e foi para sanção presidencial. O governo havia se posicionado favoravelmente à medida.