Vendas no comércio caem 2,5% e têm pior março desde 2003

Vendas no comércio caem 2,5% e têm pior março desde 2003

 

Atividades que tiveram lojas físicas fechadas registraram grandes recuos, algumas delas com variação recorde. É o caso de Tecidos, vestuário e calçados (-42,2%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-36,1%), Móveis e eletrodomésticos (-25,9%) Combustíveis e lubrificantes (-12,5%).

Já aquelas consideradas essenciais se destacaram positivamente. As vendas do segmento de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo bateram recorde de alta (14,6%) e as de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos subiram 1,3%.

O setor de perfumaria, sabão e limpeza foi um dos únicos que se salvaram do colapso na produção industrial de março, com alta de 0,7% em relação ao mês anterior. Naquele mês, a indústria teve o recuo mais disseminado da série histórica, com queda em 23 dos 26 ramos pesquisados.

De acordo com o IBGE, as vendas de supermercados atingiram em março o maior patamar da história. Já as de artigos farmacêuticos estão apenas 0,1% abaixo do recorde, de novembro de 2019. Na outra ponta, livros, jornais e revistas estão 72,3% abaixo do recorde, de outubro de 2013.

Já os segmentos de automóveis e tecidos venderam em março cerca de metade do volume atingido nos melhores momentos, em junho de 2012 e abril de 2013, respectivamente.

As vendas do comércio recuaram em 26 das 27 unidades da federação, com destaque para Rondônia (-23,2%), Amazonas (-16,5%) e Acre (-15,7%). Apenas São Paulo registrou alta, de 0,7%, impulsionado pelas boas vendas em supermercados no estado.

Os resultados de março foram impactados negativamente apenas no final do mês, quando foram iniciadas as restrições ao funcionamento de comércio e serviços. A expectativa é que em abril, com a maior parte dos estados já em isolamento durante todo o mês, os efeitos sejam ainda maiores.

Na indústria, por exemplo, o nível de ociosidade atingiu um recorde no mês passado, registrando a queda mais rápida de série histórica pesquisada pelo Ibre/FGV.

"É muito incerto. Não se deve fazer agora inferência sobre abril e maio", ponderou Santos. "Pode haver outros fenômenos envolvidos. Pode haver, por exemplo, aprendizado de outras atividades a vender por delivery."

Ele diz ainda que, com o desempenho de março, o setor de supermercados passou a responder por 55,3% do indicador, contra 49,6% no mês anterior. Assim, o aumento em suas vendas pode ter mais impacto sobre o índice final.

Na sexta (8), economistas ouvidos pelo Banco Central para a produção do boletim Focus reviram suas projeções para a retração do PIB de 2020, de 3,76% para 4,11%. O governo deve rever também a sua expectativa, para queda entre 4% e 5%.