Mulheres negras precisam se dedicar à casa mais que as brancas, diz IBGE

Mulheres negras precisam se dedicar à casa mais que as brancas, diz IBGE

 

Os dados mostram que há também diferença na dedicação aos cuidados de pessoas, tanto em domicílio, quanto fora do domicílio. Essa tarefa foi realizada por 39,6% das mulheres pretas e 39,3% das pardas. Entre as mulheres brancas, 33,5% disseram ter dedicado tempo ao cuidado de outras pessoas.

Também neste caso, as taxas são bem menores para os homens: 25,2% entre os brancos, 27,8% entre os pretos e 26,1% entre os pardos. Nos últimos anos, diante da crise financeira, os homens têm dedicado mais tempo a tarefas do lar, mas ainda assim, a maior parte do trabalho ainda fica com as mulheres.

Segundo a analista de Trabalho e Rendimento do IBGE, Alessandra Brito, a maior taxa de realização de tarefas domésticas entre pretas e pardas está ligada à menor renda, que impede o acesso a creches ou a contratação de babás para cuidar dos filhos.

De acordo com a última pesquisa sobre desigualdade de cor no mercado de trabalho divulgada pelo IBGE, em novembro de 2019, a renda média de trabalhadores brancos (R$ 2.796) foi 73,9% superior à da população preta ou parda (R$ 1.608) em 2018.

Naquele ano, os pretos e pardos representaram 64,2% da população sem emprego no país. E, entre os empregados, 47,3% deles tinha ocupação informal, que geralmente tem renda menor e menos segurança. entre os brancos, a taxa de informalidade era de 34,6%.

A diferença salarial ocorre também em relação às mulheres brancas, que já são discriminadas em relação aos homens. Em 2018, a renda média das mulheres pretas ou pardas equivalia a 58,6% a de uma mulher branca. Na comparação com os homens brancos, a disparidade é muito maior: a renda destes foi mais do que o dobro da recebida por elas.