"Um plantão que partiu meu coração": o emocionante relato de enfermeira na linha de frente da covid-19

 

A profissional de saúde contou nas redes sociais, na tarde de 28 de maio, sobre o que havia vivido naquele plantão. O relato viralizou.

Taísa, que há 15 anos trabalha como enfermeira intensivista, afirma que compartilhou o relato como uma forma de alertar as pessoas sobre os riscos do novo coronavírus. "Foi um desabafo, para que tenham noção da realidade", diz a enfermeira à BBC News Brasil.

Ela detalha que tem presenciado mortes frequentes por covid-19 durante seus plantões, em um hospital público da capital do Rio de Janeiro — em todo o Estado, segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 6,7 mil morreram em decorrência do novo coronavírus.

"Em muitos casos, os pacientes já estão com comprometimentos mais graves e aceitam facilmente a intubação, porque não aguentam mais, estão no limite por não conseguir respirar", conta.

"Já presenciei muitas mortes ao longo desses 15 anos como enfermeira. Nos "acostumamos" com isso na nossa rotina. Mas nessa pandemia tem sido muito diferente. Estamos com o físico e o emocional muito sobrecarregados", desabafa Taísa.

O que mais comoveu naquela noite de fim de maio, diz Taísa, foi o desespero de dois pacientes que estavam em uma enfermaria destinada a pessoas com a covid-19 e precisavam ser intubados. "Mesmo muito cansados, eles relutaram e tiveram medo", diz.

"Sempre trabalhei com terapia intensiva, mas essa doença é muito diferente. Os pacientes já vêm com consciência da possível gravidade. Eles chegam ansiosos e com medo de morrer. Eles ficam sem acompanhante, sem visita e sem o apoio familiar. Muitas vezes, nós somos o apoio", comenta a enfermeira.

O texto de Taísa sobre o plantão de 27 de maio foi publicado por diversas páginas e teve, ao menos, 5 mil compartilhamentos no Facebook. "A repercussão me surpreendeu. Muitos grupos de WhatsApp compartilharam e fui marcada em páginas de Facebook. Comecei a receber muitas mensagens de apoio e muitos comentários de pessoas que se emocionaram muito", diz.

O plantão de 27 de maio

"Relato de um plantão que partiu meu coração". Assim, Taísa começa a contar sobre o que viveu naquele plantão.

"Paciente internada conosco há alguns dias, sempre simpática e lutando contra a covid-19", descreve a enfermeira. A paciente era idosa, havia perdido o marido na semana anterior e não pôde se despedir. Ele havia morrido em decorrência da covid-19.

O quadro de saúde da idosa havia piorado. "Ela estava muito cansada e, ao ser comunicada que seria intubada, pediu ao médico: não, doutor, por favor!", detalha a enfermeira. Segundo Taísa, a mulher sabia que não iria sobreviver.

A súplica da paciente para que não fosse intubada (processo em que, sob anestesia, é colocado um tubo pela boca até a traqueia do paciente, para manter uma via até o pulmão e garantir a respiração) comoveu a enfermeira. "Nesse momento, agradeci por estar de máscara e face shield (protetor facial). Assim, ninguém poderia ver as lágrimas que escorriam. Tive que sair, andar pelos corredores sem rumo, respirar e voltar", relata.

"Penso que uma das piores coisas deve ser a consciência de que em breve você poderá morrer e não poderá estar mais com quem ama. Como tenho medo disso", pontua a enfermeira, em seu relato nas redes sociais.

Para ler a matéria completa na BBC Brasil clique aqui.