Recusa de Trump em cooperar com transição pode atrasar vacina em meses, diz Biden

Recusa de Trump em cooperar com transição pode atrasar vacina em meses, diz Biden

"Quando a vacina sair, precisamos saber como distribuir, o que vem primeiro no plano de prioridade para os 300 milhões de americanos e para além de nossas fronteiras", completou Biden. "Só queria dizer que a única desaceleração que temos agora é essa."

A declaração do democrata aconteceu no dia em que a farmacêutica Pfizer anunciou que sua vacina candidata contra a Covid-19 é segura e tem 95% de eficácia. O próximo passo será um pedido de autorização para uso de emergência à FDA (Food and Drugs Administration), agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos. A Pfizer disse que isso será feito em "alguns dias".

A empresa de biotecnologia Moderna também anunciou que sua vacina apresentou eficácia de 94,5% em uma análise interina dos dados.

Biden já havia dito no início da semana que a falta de cooperação por parte do governo Trump com sua transição poderia atrasar a distribuição de vacinas e que mais pessoas poderiam morrer no país por causa da postura do republicano.

Durante o evento online nesta quarta, o democrata se emocionou ao conversar com uma enfermeira e ouvir que muitos profissionais nos hospitais pelo país têm ficado doente e morrido porque não recebem a proteção e investimentos devidos do governo federal.

"Há uma coisa errada quando enfermeiros precisam implorar por proteção no meio de uma pandemia", disse a enfermeira de Minnesota, chorando. "O governo federal não está lá."

Biden tirou um lenço do bolso, limpou os olhos lacrimejados, e mostrou-se surpreso ao ouvir que a profissional nunca havia feito um teste para Covid-19, mesmo trabalhando desde fevereiro em hospitais.

Foto: Divulgação

"Você só pode estar brincando", disse o democrata.

Desde a campanha, Biden tem dito que quer começar a trabalhar no primeiro dia de governo no combate à pandemia e, assim que foi declarado presidente eleito, em 7 de novembro, anunciou a formação de uma força-tarefa com especialistas para atuar sobre o tema.

Há pelo menos sete meses, Biden faz reuniões de uma hora e meia, três vezes por semana, para se atualizar da situação da pandemia no país.

"Isso é como ir para a guerra, você precisa de um comandante em chefe", afirmou o democrata, que disse que vai manter contato com os profissionais do encontro desta quarta para atualizá-los de seu trabalho.

Com mais de 11 milhões de casos e quase 250 mil mortes, os EUA assistem nos últimos dias ao aumento no número de diagnósticos e hospitalizações por Covid-19, o que indica que o vírus não está sob controle.

Biden insiste no investimento em teste rápido como forma de rastrear os focos de transmissão, mas voltou a repetir que, enquanto Trump não colaborar com a transição, ele não tem recursos para implementar nada antes de sua posse, em 20 de janeiro.

Nos EUA, assim que um novo presidente é eleito, a Administração de Serviços Gerais (GSA, na sigla em inglês) autoriza de maneira formal o início da transição. A agência assina uma carta que libera recursos para pagamento de salários e apoio administrativo aos novos funcionários, além do acesso à burocracia americana –neste ano, o valor total é estimado em US$ 9,9 milhões (R$ 52,97 milhões).

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