Quase 90% do desmatamento da Amazônia em Mato Grosso nos últimos 12 anos foi ilegal

Quase 90% do desmatamento da Amazônia em Mato Grosso nos últimos 12 anos foi ilegal

 

O Mato Grosso foi o segundo estado com maior desmatamento da Amazônia registrado de 2019 a 2020. Os mais 1.767 km² destruídos no estado só perdem para os 5.192 km² derrubados no Pará. Ao todo, na Amazônia, foram devastados 11.088 km² de floresta no período.

A análise do ICV também aponta que mais da metade (54%) do desmatamento ilegal registrado em Mato Grosso ocorreu em propriedades particulares, o que possibilita rastrear os autores. Outros 31% ocorreram em áreas não cadastradas.

Fica clara também a concentração de desmatamentos de proporções consideráveis. Segundo o ICV, mais de 40% dos registros de desmate foram de mais de 200 hectares. A análise aponta também uma única derrubada contínua de 5.320 hectares no município de União do Sul.

E como já apontado em diferentes estudos, o desmatamento no estado se concentrou em grandes (mais de 1.500 hectares) e médias (de 400 a 1.500 hectares) propriedades rurais. Respectivamente, o desmate nessas unidades correspondeu a 63% e 25% do total.

A análise do ICV mostra também que menos de 2.000 imóveis rurais concentram toda a área de Amazônia destruída do estado.

Ao mesmo tempo em que o desmate cresceu pouco mais de 3% em relação ao ano anterior no estado, as multas e os embargos registrados pelo órgão ambiental estadual também tiveram aumentos expressivos (em nível federal a situação é diferente).

"Porém, para que o embargo surta efeito, é fundamental que atores de todos os níveis da cadeia de fornecimento de soja e pecuária, como instituições financeiras, frigoríficos, comercializadores de grãos, exportadores, varejistas e instituições financeiras utilizem essa base de dados como referência em suas operações", afirma o ICV, na análise.
Reportagem recente do jornal Folha de S.Paulo mostrou como gigantes da pecuária, como JBS, Marfrig e Minerva, estão conectadas com desmatamento na Amazônia, mais especificamente no Pará.

A pecuária é um dos principais atores envolvidos no desmatamento da floresta. A soja também ameaçava o bioma, ciclo que foi interrompido (ao mesmo tempo em que a produção do grão aumentou) a partir da moratória da soja, acordo a partir do qual ficou proibida a comercialização do produto que tivesse origem em áreas com desmatamento.
A expansão de áreas de plantio do grão já ameaça o cerrado, outro bioma que tem apresentado números elevados de desmatamento.

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