De vida praticamente normal a sobra de vacinas da covid-19; a realidade de curitibanos no exterior

 

“Depois de oito meses de um lockdown muito restrito aqui em Melbourne, hoje a nossa vida é praticamente normal. A restrição é usar máscara no transporte coletivo e UBER, Eventos e festas estão todas normais, mas foi muito difícil chegar a isso”, contou Camila.

A Austrália tem uma população de 25 milhões de habitantes, um pouco mais que o dobro que o Paraná, que ontem teve quase 300 mortes pela doença. De acordo com a curitibana, com os casos controlados o governo australiano não tem desespero em vacinar. “Eles pretendem até o final deste ano vacinar todo mundo. Como a Austrália fechou as fronteiras e não temos o vírus, o governo não tem tanta pressa. Quem chega aqui é isolada em hotel de quarentena. Como estamos livres da covid é diferente, mas a intenção é vacinar toda a população”, afirmou.

A curitibana ainda apontou que a situação da pandemia no Brasil é destacada pela imprensa australiana, especialmente pelo caos que vivemos desde fevereiro. “Fala-se de muitas mortes no Brasil, comentando sobre os erros do Governo Federal e a situação difícil no país, assim como na Índia. A gente vê aqui que Brasil e Índia são hoje os piores países”, concluiu.

Muita vacinação

Ao assumir o comando dos Estados Unidos Joe Biden prometeu vacinar a maioria da população antes do primeiro semestre e a meta vem sendo cumprida com sobras. Não à toa, a imunização já está no grupo 5, que é o de jovens sem comorbidades. É o caso engenheiro eletrônico curitibano Hugo Magalhães, morador de Greensburg, na Carolina do Norte.

Hugo sendo vacinado nos Estados Unidos (Foto: Arquivo Pessoal)

“Apesar de não concordar com a política Trump, quando presidente ele comprou muitas vacinas. Então, quando Biden assumiu intensificou a vacinação que agora é em massa. Rapidamente foram vacinadas três milhões de pessoas por dia. O Trump desdenhava da pandemia e o Biden entrou com o discurso da precaução. Hoje temos a boa estrutura que o Trump preparou e um discurso não negacionista do Biden, o que está fazendo o jogo ser revertido”, destacou Hugo.

Em 2020, sem vacina, os Estados Unidos foi o país do mundo que mais sofreu com mortes pela covid-19. Agora, a expectativa é de uma retomada o quanto antes da vida normal, já que imunizantes não faltam. “Qualquer pessoa hoje pode se vacinar aqui. Se você vai em um centro de vacinação toma a vacina na hora. Eles não te pedem um documento, você chega, dá o seu nome, perguntam onde mora e vacinam”, descreveu.

Se em Greensburg a situação é controlada, Hugo mantém preocupação com os parentes que deixou no Brasil. “Aqui a gente tem essa facilidade em vacinar e a preocupação nossa é toda no Brasil. Tenho parentes na idade de risco para tomarem e ainda está patinando”, lamentou.

União Europeia patina

No velho continente a realidade é um pouco diferente quando você separa o Reino Unido dos outros países da União Europeia. Com a vacinação em massa usando o imunizante da Astrazeneca, os novos casos e mortes pela covid na Grã Bretanha fazem com que já se planeje a saída do lockdown. Em 27 de janeiro foram 1,7 mil britânicos mortos em 24 horas, já nesta terça-feira (6), com o lockdown e grande avanço da imunização, foram apenas 20. Enquanto isso países da União Europeia tem dificuldade em avançar na imunização dos moradores e sofrem com novas ondas de infecção. A França retornou ao lockdown em 1/3 do país, devido aos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) estarem colapsados.

Casal Vinicus e Marina mora na Alemanha, que patina na vacinação, mas tem população que respeita as medidas restritivas (Foto: Arquivo Pessoal)

 

A jornalista Marina Sequinel mora com o marido Vinicius Tummler na cidade de Munique, na Alemanhã. Por lá a vacinação, assim como no Brasil, vai a passo de tartaruga. “A questão da vacinação aqui está bem lenta. Meu grupo de faixa etária, de 28 anos, não tenho ideia de quando será vacinado. Estamos sem rumo e previsão neste sentido. Aqui na Alemanha houve problemas de contratos junto às farmacêuticas”, explicou a campolarguense.

Apesar disso, os casos conseguem ser controlados na Europa, especialmente pelo respeito ao lockdown e distanciamento social. “Aqui em Munique ficou tudo fechado de dezembro a março e baixou muito os casos. Agora no começo de abril as coisas começam a abrir aos poucos. O lockdown é calculado pelo número de casos a cada 100 mil habitantes, se tem 100 casos a cada 100 mil habitantes, eles fecham. Além disso, máscara só PFF2 nos locais fechados, não se pode mais usar de tecidos, porque se não paga multa”, ponderou.

Sobre a visão dos alemães a respeito da pandemia no Brasil, Marina afirmou que, na conversa com imigrantes, a visão é de que grande parte da culpa é do presidente Jair Bolsonaro. “Eles percebem os erros do Governo Federal e também têm muito medo da variante brasileira. Os jornais locais dão muito foco aqui nas coisas erradas que o Bolsonaro está fazendo”, destacou.

Ora pois

Rosemary em Portugal

Também na União Europeia, a educadora no lar de meninas Rosemary Resende, de 46 anos, moradora na província de Fátima, em Portugal, contou que já foi vacinada, mas que de fato ainda não se tem um grande avanço na imunização para todos os públicos. “Idosos foramvacinados, bombeiros, policiais, professores e quem trabalha em lar de idosos. Por isso, eu já recebi o imunizante. Como ainda não se tem muitas vacinas, ainda vivemos medidas restritivas de lockdown e aqui as pessoas respeitam muito, diferente do Brasil”, contou à Banda B.

A vacinação em Portugal já atingiu idosos, bombeiros, policiais, professores e quem trabalha com idosos. As aulas foram retomadas, mas as crianças são testadas antes de irem para a aula. Para Rosemary, a visão dos líderes europeus é muito diferente na comparação com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. “Aqui a imprensa se assusta e diz que é a culpa é do Bolsonaro, que não ajuda e só confunde a população”, lamentou.

Mesmo sem vacinar em massa, Portugal adotou medidas restritivas, dando apoio a comerciantes e informais, e controlou a covid depois de um pico de casos em janeiro e fevereiro. No dia dois de fevereiro, por exemplo, o país teve 260 mortes pela infecção, enquanto ontem (6) foram apenas duas.