São Paulo começa a abrir 600 valas por dia e vai construir 26 mil sepulturas verticais

São Paulo começa a abrir 600 valas por dia e vai construir 26 mil sepulturas verticais

 

No início do ano, a Secretaria Municipal das Subprefeituras teve um corte de 2,96% na previsão de orçamento para 2021. Entretanto, segundo Modonezi, o sistema funerário conta com uma dotação própria, apoiada na arrecadação do próprio serviço. Ou seja, segundo ele, não tem faltado recurso para implementar essas medidas nem foi necessário tirar grana de outros setores sob a sua gestão, como a zeladoria.

A secretária também abriu negociação com seis crematórios particulares para ampliar a capacidade atual, que é de 48 cremações por dia e que já atingiu o limite. Segundo Modonezi, essas unidades privadas forneceriam mais 50 vagas por dia. “A intenção é contratar pelo mesmo valor cobrado pelo crematório municipal. A pessoa pagaria no serviço municipal e contrataríamos o particular”, disse.

O secretário disse ainda que, no ano passado, foi feita uma antecipação em três meses de compra de material para o serviço funerário e que, agora, também tem comprado um pouco a mais para evitar desabastecimento. “A gente tem em estoque todo o material necessário”, disse.

Desde 25 de março, quatro dos 22 cemitérios da capital paulista ampliaram em quatro horas o tempo de sepultamento nas necrópoles, que ficarão abertas até as 22h.

Em parceria com outros órgãos, a prefeitura elaborou no ano passado, ainda no início da pandemia no Brasil, um plano de contingenciamento para dar conta de um grande volume de mortes. Entre as soluções surgiu a alternativa de concentrar todos os enterros em apenas dois cemitérios da capital, caso fosse ultrapassada a marca de 400 sepultamentos diários.

No último dia 30 de março, a capital paulista registrou 426 sepultamentos. Entretanto, segundo Modonezi, seria necessário ter média diária superior a 400 enterros durante 15 dias para implementar essas outras medidas, o que ainda não ocorreu.

O número de sepultamentos vem caindo desde então –não última segunda-feira (5), foram 308. “Como a gente teve um ano, conseguiu investir mais em melhoria da operação do serviço funerário. Mais funcionários, informatização e, com isso, a gente joga para frente essa necessidade”, disse.

Segundo o secretário, caso seja necessário colocar os dois centros logísticos em funcionamento, famílias que tenham jazigos particulares em outros cemitérios poderiam usá-los. Apenas em um caso extremo, o plano de contigência prevê o fechamento total e a operação em apenas duas necrópoles, para concentrar mão de obra.

“A gente roga a Deus e espera que todo mundo cumpra o isolamento social para que isso não aconteça”, afirmou.

“Uma coisa importante é que a gente tem como grande diretriz minimizar a dor das famílias, para que não sofram mais.”

Modonezi afirmou que a medida não é inédita. “Na última grande crise sanitária [gripe espanhola, em 1918], o Araçá foi usado como único cemitério. Naquele momento, todo mundo foi sepultado lá. O grupo buscou boas práticas que já deram certo no passado”, disse.