Brasil se une a Índia, China e África do Sul para defender financiamento de países ricos no clima

Brasil se une a Índia, China e África do Sul para defender financiamento de países ricos no clima

 

Os temores não eram em vão. O governo dos EUA estabeleceu que Bolsonaro seria o 19º líder a falar -entre os 27 escalados para discursar nesta quinta-, e Joe Biden não estava presente na sala em que a videoconferência era exibida quando finalmente chegou a vez de o brasileiro se pronunciar.

O eixo principal do documento do Basic é a defesa de que os debates climáticos sejam pautados pelo princípio de “responsabilidades comuns, mas diferenciadas”. O conceito prevê que a exigência de esforços para a redução de emissões deve respeitar as condições socioeconômicas de cada país.

“Ao reconhecer diferentes capacidades e responsabilidades históricas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, os ministros ressaltam que o Basic e outros países em desenvolvimento requerem tempo e espaço para a formulação de políticas públicas, para alcançarem uma transição justa das suas economias”, escrevem os governos de Brasil, Índia, China e África do Sul.

O texto faz ainda uma defesa das políticas ambientais dos membros do fórum, destacando que eles estabeleceram políticas e contribuições climáticas que refletem “as maiores ambições possíveis”.

No documento, os signatários também argumentam que “a ambição de apoio dos países desenvolvidos deve estar à altura da ambição de ação dos países em desenvolvimento” e que a COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, marcada para novembro, na Escócia) deve ter como meta alcançar um acordo sobre financiamento para países em desenvolvimento, especialmente em um momento em que essas nações enfrentam os impactos da Covid.

“Os ministros expressaram sua profunda preocupação com a insuficiência e a inadequação do apoio prestado pelos países desenvolvidos até o momento. A escala e a velocidade do financiamento climático proporcionado pelos países desenvolvidos precisa aumentar de forma considerável”, escrevem os países.

A disponibilização de verbas por países desenvolvidos é um ponto caro às ambições do governo Bolsonaro. A gestão brasileira tem afirmado a interlocutores no exterior ser necessário receber dinheiro de países mais ricos para conseguir frear o desmatamento crescente nos últimos anos na Amazônia, principal fonte de emissão de gases -junto à pecuária- no Brasil.

Em reunião neste mês com os EUA, Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, chegou a mostrar uma ilustração na qual o Brasil é representado como um cachorro de olho em frangos assados rodando em uma máquina. Acima dos frangos, a frase “expectativa de pagamento”.