Embaixador da China diz que insumos para produção de vacinas de Covid no Brasil chegam "nos próximos dias"
O embaixador da China no Brasil, Yan Wanming, anunciou nesta quinta-feira (20) a liberação de novos lotes de insumos para produção de vacinas contra Covid pelo Instituto Butantan e pela Fiocruz.
Segundo o embaixador, o volume a ser enviado deve ser equivalente à produção de 16,6 milhões de doses, somadas, das vacinas Coronavac e AstraZeneca. A declaração ocorreu em reunião com membros do Fórum de Governadores.
Wanming diz que a previsão é que a chegada ocorra “nos próximos dias”.
“Informei a liberação dos novos lotes de IFA [insumo farmacêutico ativo] pra produzir no total 16,6 milhões de doses da Coronavac e vacina AstraZeneca, que chegarão no Brasil nos próximos dias. A China, fraterna com o povo brasileiro, está comprometida em parceria de vacinas”, disse o embaixador, por meio das redes sociais.
Segundo informações divulgadas pelo governador do Piauí, Wellington Dias, que coordena a temática de vacinas no fórum, a entrega de insumos da AstraZeneca, equivalentes à produção de 12 milhões de doses, deve ocorrer em dois lotes a partir de sábado (22).
Já no dia 25, está prevista a chegada de 3.000 litros de insumos para o Butantan, os quais seriam equivalentes a pouco mais de 4 milhões de doses.
Participaram do encontro governadores vinculados a laboratórios ou a consórcios regionais que acompanham discussões sobre vacinas, como João Doria (São Paulo), Flávio Dino (Maranhão) e Waldez Goés (Amapá).
Apesar do anúncio, representantes dos laboratórios dizem que ainda há incertezas sobre o recebimento de mais lotes de insumos que são esperados até junho.
“Em maio e junho o Butantan deveria receber 10.000 litros [de IFA]. Vamos receber 3.000 litros dia 25 e não existe ainda data para o restante. Na reunião com o embaixador, pedi esforços no sentido de liberar esses 7.000 litros, para que não haja interrução do cronograma, e ele se colocou à disposição para fazer todos os esforços”, afirmou o diretor do Butantan, Dimas Covas, durante uma audiência sobre o tema em comissão da Câmara dos Deputados.
Segundo ele, no mesmo encontro, o embaixador frisou que a China tem exportado um grande volume de doses e insumos a diferentes países, ao mesmo tempo em que tem feito a vacinação da sua população.
“Neste contexto é que se encontra a posição dos IFAs do Brasil, com o diferencial de que a [vacina da] AstraZeneca não é usada na produção de vacinas para a China, ao passo que a Sinovac [que tem parceria com o Butantan] é uma das empresas que mais fornecem ao governo chinês. Então no fundo o governo chinês, de certa maneira, controla a disponibilidade de matéria-prima para esses 100 países e para a própria China, e isso explica em parte o que estamos vivendo”, disse.
Atualmente, a dificuldade em obter insumos é apontada como um dos fatores que tem levado ao atraso para oferta da segunda dose da Coronavac.
Para Covas, um eventual atraso na aplicação da segunda dose não deve trazer impacto significativo, mas é preciso atenção para que o esquema vacinal seja finalizado assim que possível. “O que não pode é não completar o esquema vacinal. O nível de proteção com uma dose só não é suficiente.”
O vice-presidente de produção e inovação da Fiocruz, Marco Krieger, disse que, com o volume recebido de insumos, a fundação tem entregas garantidas de vacinas até a semana de 3 de julho.
Ele admite, porém, que eventuais pausas na produção podem ocorrer. Nesta quinta, a Fiocruz interrompeu a produção temporariamente. A expectativa é que, com a chegada de novos lotes, a fabricação das vacinas seja retomada na terça (25).
“Hoje estamos limitados pela disponibilidade de IFA. Se tivéssemos condições de antecipar mais IFAs, teríamos condições de produzir ainda mais vacinas”, afirmou.
Krieger lembra que a fundação pretende iniciar em junho a produção de vacinas com insumos nacionais. As primeiras entregas, no entanto, estão previstas para ocorrer em outubro. O prazo considera o intervalo até a assinatura de contratos e novas etapas de autorização na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).