Colômbia envia Exército para conter protestos em Cali, após 4 mortes em um dia

Colômbia envia Exército para conter protestos em Cali, após 4 mortes em um dia

Enquanto isso, o ministério da Defesa divulgou imagens de multidões atacando edifícios públicos com pedras e explosivos artesanais nas cidades vizinhas de Popayán e Pasto.

Neste mês de protestos morreram 49 pessoas, segundo a contagem oficial. O Ministério Público estabeleceu que pelo menos 17 casos têm vínculo direto com as manifestações, mas a ONG Human Rights Watch afirma ter denúncias sobre 63 óbitos, 28 relacionados com a crise.

Apesar do governo e dos líderes das manifestações chegarem a um pré-acordo para encerrar os protestos nesta semana, os organizadores das greves disseram na quinta (27) que o governo não havia assinado o tratado e acusaram Duque de o paralisar.

O governo disse que não assinou o acordo porque alguns líderes não condenaram os bloqueios das estradas, classificando a questão como não negociável e acrescentando que as negociações serão retomadas no domingo.

Os protestos começaram quando o governo quis impor mais impostos à classe média, atingida pela pandemia, para preencher a lacuna fiscal deixada pela emergência econômica.

Duque desistiu da proposta, mas a repressão policial acirrou os ânimos. Atualmente, as ruas estão cheias de jovens sem trabalho e sem estudar que pedem um Estado mais solidário diante da devastação causada pela Covid-19.

As manifestações já levaram à demissão do Ministro das Finanças, Alberto Carrasquilla, da chanceler, Claudia Blum, e do Alto Comissário para a Paz, Miguel Ceballos, que liderava as negociações do governo com os manifestantes.

Enquanto isso, a desaprovação de Duque atinge níveis históricos, cerca de 76%, a um ano das eleições das quais deverá sair seu sucessor.

Desde que assumiu o poder em agosto de 2018, Duque enfrenta protestos sem precedentes. A pandemia extinguiu as mobilizações por um tempo, mas elas recomeçaram com força, apesar de a Colômbia enfrentar uma onda agressiva da Covid-19, deixando hospitais à beira do colapso.

A pandemia afetou a economia do país de 50 milhões de habitantes. Em um ano, a porcentagem da população pobre passou de 35,7% para 42,5%, e quase um terço dos colombianos –27,7%– entre 14 e 28 anos não estudam nem trabalham, segundo o órgão estatal de estatísticas.