Dólar, inflação e petróleo: os impactos do conflito na Ucrânia para o Brasil
O impacto da crise na Ucrânia no mercado financeiro é o primeiro a ser sentido de forma direta no Brasil.
Segundo Rachel de Sá, conflitos geopolíticos costumam elevar a incerteza na economia global e, consequentemente, levam um aumento da aversão ao risco. Isso significa que muitos investidores podem preferir migrar seus ativos para mercados mais seguros, como o americano ou o japonês, e abandonar os emergentes, como brasileiro.
“Países emergentes, como o Brasil, tendem a sofrer mais em cenários de maior aversão ao risco, com reflexos na taxa de câmbio, na bolsa e em outros ativos”, diz a economista.
Apesar disso, o que se observa no Brasil atualmente é um movimento grande de fluxo de capitais estrangeiros. Segundo Rachel, isso acontece primeiramente por conta da alta da taxa Selic, impulsionada pelo Banco Central para tentar frear o aumento de preços, que garante maior perspectiva de lucro aos investidores.
Ao mesmo tempo, por ser um grande mercado produtor de commodities, o Brasil também já está atraindo empresas e investidores que procuram alternativas à Rússia.
“O Brasil produz muitos bens que podem ser substitutos imediatos para os bens produzidos na Rússia e até na Ucrânia, especialmente na área agrícola”, diz a economista.
Tudo isso levou nos últimos dias a uma queda no preço do dólar em relação ao real brasileiro. Consequentemente, a divisa americana encerrou o dia nesta terça no menor valor desde 1° de julho de 2021, quando fechou em R$ 5,0448.