Apesar de surto na China, Bolsonaro diz que Covid está controlada

Apesar de surto na China, Bolsonaro diz que Covid está controlada

Queiroga tem poder apenas de acabar com a Espin (Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional), que foi reconhecida por portaria publicada em fevereiro de 2020. Este movimento seria o principal caminho para esvaziar as restrições contra a Covid, avaliam auxiliares de Queiroga.

Mas encerrar a emergência nacional também levanta preocupações dentro do Ministério da Saúde. Isso porque é este status que dá lastro ao aval para uso emergencial de vacinas, compras sem licitação, restrições de importação de insumos de saúde e outras regras ligadas à pandemia.

Além disso, a Espin deve ser mantida enquanto há risco de surtos e epidemias de disseminação nacional, com gravidade elevada ou que podem superar a capacidade de resposta do SUS, segundo as regras atuais.

Ou seja, o governo teria de mostrar que o cenário atual no Brasil não abre margem para nova piora da Covid-19.

Por isso uma ala da Saúde defende uma saída de menor impacto, como apenas divulgar um documento orientando a flexibilização das restrições da Covid, ainda que Bolsonaro e Queiroga mantenham as falas de que venceram a pandemia.

Queiroga encomendou estudos a sua equipe sobre o cenário da doença no Brasil. Ele ainda tem se encontrado com autoridades para defender a mudança de status da Covid-19. Na terça-feira (15), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), manifestou preocupação com a ideia.

“Diante da sinalização, manifestei ao ministro preocupação com a nova onda do vírus, vista nos últimos dias na China, mas me comprometi em levar a discussão aos líderes do Senado”, afirmou Pacheco em redes sociais.

A mudança de status da Covid-19 no Brasil ainda divide gestores do SUS. Os conselhos de secretários de saúde estados (Conass) e de municípios (Conasems) ainda não defendem a ideia, mas a Prefeitura do Rio e o governo do Distrito Federal, por exemplo, já desobrigaram o uso das máscaras mesmo em ambientes fechados.

O Brasil registrou 323 mortes por Covid e 50.078 casos da doença na terça. Com isso, o país chega a 655.649 vidas perdidas e a 29.432.274 pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2 desde o início da pandemia. As médias móveis de mortes e casos continuam em queda, em relação aos dados de duas semanas atrás. A de óbitos agora é de 388 por dia, redução 24%. A de infecções chegou a 41.044, queda de 19%.

Apesar de estes números serem menores do que os registrados no pico da Covid, ainda são superiores a de outras doenças. Em 2015, por exemplo, o Brasil registrou o pior ano da dengue, com 986 mortes.