Ministro da Educação fala em 'crise falsa' na Amazônia

Abraham Weintraub atribui 'crise amazônica falsa' a uma suposta reação de 'agricultores europeus diante da iminente invasão de produtos brasileiros' dentro do acordo [...]

Ministro da Educação fala em 'crise falsa' na Amazônia

Abraham Weintraub atribui 'crise amazônica falsa' a uma suposta reação de 'agricultores europeus diante da iminente invasão de produtos brasileiros' dentro do acordo entre União Europeia e Mercosul. O ministro da Educação Abraham Weintraub

Antonio Cruz/Agência Brasil

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse nesta sexta-feira (23) que há uma "crise falsa" na Amazônia. O comentário, feito em uma rede social, ocorre depois que líderes europeus manifestaram preocupação com os incêndios na região amazônica.

Weintraub atribuiu o que chamou de "crise amazônica falsa" a uma suposta reação de "agricultores europeus diante da iminente invasão de produtos brasileiros" dentro do acordo entre União Europeia e Mercosul.

"A crise Amazônica falsa é fruto do acordo comercial fechado com a Europa. O lobby dos agricultores europeus reagiu diante da iminente invasão de produtos brasileiros. Isso, combinado com ONGs, esquerda e "artistas", revoltados com o fim da mamata. Podem prejudicar os brasileiros", afirmou o ministro.

Acordo entre Mercosul e União Europeia: o que prevê o texto

Nesta sexta-feira, o escritório do presidente francês Emmanuel Macron acusou o presidente Jair Bolsonaro de ter mentido durante o encontro do G20 em Osaka, no Japão, ao minimizar as preocupações com a mudança climática. Dado esse contexto, aponta o escritório, a França se opõe ao acordo entre a União Europeia e o Mercosul.

Macron não é o único a se opor. O primeiro-ministro da Irlanda, o primeiro-ministro Leo Varadkar, ameaçou votar contra o texto se o Brasil não respeitar seus "compromissos ambientais", em meio a críticas ao presidente Jair Bolsonaro pelos incêndios que assolam a Amazônia.

Segundo Leo Varadkar, "de maneira alguma a Irlanda votará a favor do acordo de livre comércio UE-Mercosul se o Brasil não cumprir seus compromissos ambientais".

O governo dos Estados Unidos também demonstrou preocupação: uma autoridade da Casa Branca disse que o governo Trump está "profundamente preocupado" com os incêndios na Amazônia.

Incêndios na Amazônia provocam reações de líderes europeus

G20

Às vésperas do encontro do G20, a chanceler alemã Angela Merkel havia afirmado no parlamento alemão que via com "grande preocupação" as ações do governo brasileiro a respeito do desmatamento e que queria ter uma "conversa clara" com Bolsonaro.

Ao chegar ao encontro em Osaka, o presidente brasileiro disse que a Alemanha tem muito a aprender com o Brasil sobre questões ambientais.

"Nós temos exemplo para dar para a Alemanha, inclusive sobre meio ambiente. A indústria deles continua sendo fóssil em grande parte de carvão, e a nossa não. Então, eles têm a aprender muito conosco", disse ele na ocasião.

Ainda durante o G20, Bolsonaro conversou com Merkel e disse ter dito a ela que o Brasil é alvo de uma "psicose ambientalista".

"Conversei com ela, foi uma conversa tranquila. Em alguns momentos, ela arregalava os olhos, de maneira bastante cordial. Mostramos que o Brasil mudou o governo, e é um país que vai ser respeitado. Falei para ela também da questão da psicose ambientalista que existe para conosco", declarou Bolsonaro em uma entrevista à imprensa.

Outro chefe de Estado que também antes do G20 manifestou preocupação com o compromisso de preservação ambiental do Brasil foi o presidente francês, Emmanuel Macron. Bolsonaro disse que teve com ele uma conversa parecida com a que havia tido antes com Merkel.

"Eu convidei [Macron] para conhecer a região amazônica. Falei para ele [de fazermos] uma viagem de Boa Vista a Manaus. É pouco mais de duas horas. A gente poderia até voar a uma altura mais baixa, demoraria mais tempo, em um avião da Força Aérea, para ele ver que não existe o desmatamento tão propalado", afirmou Bolsonaro.

Acordo prevê cláusulas ambientais

Fechado em junho deste ano, depois de mais de 20 anos de negociação – mas ainda dependendo da aprovação do parlamento dos países envolvidos –, o acordo comercial UE-Mercosul prevê, segundo os europeus, a implementação efetiva do Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas, que inclui, entre outros assuntos, combater o desmatamento e a redução da emissão de gases do efeito estufa.

Os signatários se comprometem ainda a tomar ações de proteção ambiental, que abarca conservação de florestas, a respeitar direitos trabalhistas e a promover condutas empresariais responsáveis.

'Crise internacional'

Na quinta-feira (22), Macron propôs que a "crise internacional" da Amazônia seja uma prioridade na cúpula do G7, que acontece neste fim de semana em Biarritz, no sudoeste da França. O presidente da França disse em rede social que "nossa casa está queimando".

A chanceler alemã, Angela Merkel, manifestou apoio ao presidente francês por meio de seu porta-voz, dizendo que os incêndios na Amazônia constituem uma "situação urgente" que deveria sim ser discutida durante a cúpula do G7, apesar das acusações de ingerência por parte de Bolsonaro.

O presidente brasileiro, por sua vez, acusou seu colega francês de ter "uma mentalidade colonialista" e de querer "instrumentalizar" o tema "para ganhos políticos pessoais".

O Reino Unido também está preocupado com os incêndios na floresta amazônica, e o primeiro-ministro Boris Johnson vai dizer, no encontro de cúpula do G7, que é preciso renovar o foco na proteção da natureza, de acordo com afirmação de seu gabinete.

"O primeiro-ministro está gravemente preocupado pela alta da quantidade de incêndios na floresta amazônica e o impacto de trágicas perdas nesse habitat", disse um porta-voz.

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