Guerra na Ucrânia faz Biden pedir gasto militar recorde em 2023

Guerra na Ucrânia faz Biden pedir gasto militar recorde em 2023

Há uma grande ênfase em desenvolvimento de novas armas: US$ 130 bilhões (R$ 623 bilhões) são destinados para mísseis hipersônicos, que a Rússia já utiliza na guerra contra o vizinho, e outros sistemas. É o maior gasto do tipo da história.

Refletindo a agitação no mercado internacional de defesa, com o rearmamento já anunciado de países como a Alemanha, os americanos reduziram de 85 para 61 os pedidos de novos caças de quinta geração F-35, produzidos pela Lockheed.

O motivo especulado é atender mais rapidamente os novos clientes internacionais do jato, que por anos patinou em vendas. Além de Berlim, que anunciou que irá comprar 35 deles, nesta segunda o Canadá fechou um dos maiores negócios do gênero no mundo e vai adquirir 88 F-35.

Estimada em 19 bilhões de dólares canadenses (R$ 72,5 bilhões), a negociação é uma grande derrota para os suecos da Saab, que tentavam emplacar o Gripen, caça que foi comprado pela Força Aérea Brasileira e será produzido no interior de São Paulo. Em janeiro, o Gripen já havia perdido para o F-35 na grande concorrência para fornecer 64 aviões para a Finlândia.

Como o jornal Folha de S.Paulo mostrou, os EUA estão emergindo como os maiores ganhadores com o apetite renovado por defesa, ainda mais que negócios com a Rússia agora podem trazer o peso de sanções econômicas para eventuais clientes.

O Egito, terceiro maior comprador de armas russas de 2017 a 2021 segundo o Sipri (Instituto Internacional de Pesquisas da Paz de Estocolmo), já trocou um lote de caças pesados Sukhoi-35S por um do americano F-15. No período, os EUA dominaram 39% do mercado mundial, e os russos vinham em segundo lugar, com 19%. Para Moscou, a esperança que seus dois maiores compradores, China e Índia, sigam ignorando a pressão de Washington.

Também em decorrência da guerra nas franjas orientais da Otan (aliança militar liderada pelos EUA), Biden pediu um aumento de quase 10% no gasto da chamada Iniciativa de Dissuasão Europeia, que envolve o rearmamento de aliados no continente, chegando a US$ 4,2 bilhões (R$ 20,1 bilhões). Só a Ucrânia deve ganhar US$ 300 milhões (R$ 1,4 bilhão).

A chamada tríade nuclear, que consiste dos três vetores de lançamento de armas atômicas (submarinos, lançadores em solo e bombardeiros) ganhará US$ 34 bilhões (R$ 163 bilhões). As duas maiores novidades são os submarinos da classe Columbia e o bombardeiro furtivo ao radar B-21, que deve ser retirado do hangar para testes em solo neste ano.

Os EUA são líderes indiscutíveis em gasto militar mundial. Segundo a publicação anual Balanço Militar, do IISS (Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres), em 2021 os EUA gastaram US$ 754 bilhões (R$ 3,6 trilhões). Foi quase o mesmo dispêndio dos 14 países a seguir no ranking de gastos e mais do que o dobro do que o resto do mundo empregou em defesa.

A China foi a segunda colocada, com US$ 207,3 bilhões (R$ 994 bilhões), seguida por Reino Unido (US$ 71,6 bilhões, R$ 343 bilhões), Índia (US$ 65,1 bilhões, R$ 312 bilhões) e a Rússia, com US$ 62,2 bilhões (R$ 298 bilhões). O Brasil está em 16º na tabela, com US$ 21,8 bilhões gastos (R$ 104 bilhões).

Aqui, contudo, entre 85% e 90% dos valor vai para pessoal ativo e inativo, além de custeio, deixando pouco proporcionalmente para investimento em equipamento. A Otan estipula como meta saudável para esse tipo de gasto 20% do orçamento, e no caso americano, ele foi de 29,4% em 2021.