Estudante morre após policial militar reagir a assalto no centro de São Paulo

Estudante morre após policial militar reagir a assalto no centro de São Paulo


O oficial da PM, lotado no 14º Batalhão da PM, na região de Registro (a 188 km da capital), foi indiciado por homicídio culposo, ou seja, sem intenção. Uma fiança de R$ 10 mil foi estipulada, para que ele respondesse ao caso em liberdade.

Até a publicação desta reportagem, a PM e a SSP (Secretaria da Segurança Pública) não haviam confirmado se ele havia pago o valor ou se havia sido encaminhado para o presídio Romão Gomes, na zona norte.

A vendedora ferida com um dos tiros, na região do abdômen, afirmou à Folha, que estava acompanhada do namorado quando passou pelo local onde foi ferida. Foi ele quem acionou o socorro para as mulheres feridas.

Quando o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegou, constatou a morte de Ingrid ainda no local. A vendedora foi encaminhada à Santa Casa, onde foi medicada e liberada.

De acordo com registros do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), o suspeito usou uma arma de brinquedo para abordar o PM, que sacou sua pistola calibre ponto 40. A Polícia Técnico-Científica apreendeu no local três projéteis.

Segundo a vendedora, o policial estava aparentemente transtornado e teria apontado a arma na direção dela após os disparos. A PM foi questionada sobre esse comportamento, mas não se manifestou.

O policial não teria mencionado o fato de ter ferido as duas vítimas quando acionou o 190. Quando isso lhe foi questionado, no DHPP, ele se negou a falar e também não assinou o interrogatório. “Do mesmo modo, o indiciado não demonstrou qualquer tipo de remorso ou arrependimento”, diz trecho de documento do departamento de homicídios.

Nenhum advogado de defesa do PM foi localizado até a publicação desta reportagem.

Ingrid foi ferida a cerca de 30 metros de distância do comércio do pai, uma lanchonete que fica na avenida Rio Branco. O local amanheceu nesta terça com as portas fechadas e cartazes com a palavra luto.

“Ela ajudava o pai dela, levando a chave do comércio todos os dias para ele. Na noite de ontem [segunda], ela estava mantendo a rotina dela”, disse o tio de Ingrid, o comerciante Gil Cristiano, 35.

Ela, que era a filha do meio, atualmente fazia curso técnico de administração da Etec (Escola Técnica Estadual) na Santa Ifigênia, também no centro.

“Fiquei sabendo que ela tinha sido morta no início da madrugada. Estou sem dormir desde então. A família toda está abalada e ninguém consegue entender o que aconteceu”, afirmou Cristiano.

A jovem seria velada e sepultada no cemitério do Sacomã, segundo o tio.

A PM afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o policial teria sido vítima de roubo, confirmando a morte da estudante, além dos ferimentos provocados no suspeito e na vendedora. A corporação não deu mais detalhes, alegando que aguardava a conclusão dos registros, feitos pelo DHPP.

A SSP afirmou que o caso é investigado pelo DHPP e pelo 3º DP. A pasta disse que foram instaurados inquéritos para investigar o roubo e o homicídio.

A PM disse que acompanha as apurações.