Polícia diz ter imagens que mostram Raquel e outras crianças no carro alegórico

Polícia diz ter imagens que mostram Raquel e outras crianças no carro alegórico

O caso é investigado como homicídio culposo, ou seja, sem intenção de matar, de acordo com a polícia.

À TV Globo, a delegada Aparecida Mallet disse que a situação contradiz a versão do condutor do veículo, que afirmou em depoimento não ter presenciado crianças no local.

“O motorista do carro alegórico disse que não viu a ocorrência de crianças em cima do carro alegórico. Pelo que eu pude analisar a princípio, do vídeo, havia várias crianças em cima do carro alegórico, não só a vitimada”, afirmou a policial à TV.

Raquel teve as pernas prensadas entre um carro alegórico da escola de samba Em Cima da Hora e um poste na rua Frei Caneca, no fim da noite de quarta-feira (20). Ela foi internada no Hospital Municipal Souza Aguiar em estado gravíssimo e teve uma perna amputada, mas não resistiu e morreu às 12h10 de sexta.

Horas depois da confirmação da morte, a pastora Aline da Mota, da igreja Assembleia de Deus no Morro de São Carlos, frequentada pela família da menina, disse que no dia do acidente, a mãe de Raquel a levou para brincar em uma praça e que uma “coleguinha a chamou para brincar em uma pracinha em frente”.

Em 20 minutos, no máximo, uma coleguinha dela veio dizer que a Raquel tinha sofrido um acidente”, afirmou à reportagem a pastora. Segundo ela, a menina subiu no carro alegórico para tirar fotos e se sentou nele. “Não havia segurança alguma.”

O enterro da menina ocorreu na tarde deste sábado, no cemitério do Catumbi, no centro do Rio. Familiares chegaram ao local com uma camisa com a foto de Raquel e os dizeres: “Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós”.

Após a tragédia, ainda na noite de quarta, o desfile das escolas chegou a ser interrompido para a realização de perícia no local.

Depois do acidente, a pedido do Ministério Público, a Justiça fluminense determinou que todas as escolas do grupo de acesso, especial e mirins façam a escolta de seus carros até seus barracões. A decisão foi do juiz Sandro Espíndola, da 1ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Capital.

De acordo com a Promotoria, o desfile desta quarta violou normas que haviam sido determinadas pela Justiça com antecedência. Em março deste ano, o MP do Rio diz ter enviado aos organizadores do evento recomendações.

“Providenciar seguranças aos carros alegóricos para evitar que crianças e adolescentes se coloquem em riscos, especialmente, nos momentos de concentração e dispersão das escolas de samba”, diz um dos itens do documento.

O prefeito Eduardo Paes (PSD) publicou que a morte de Raquel “deixa um grande sentimento de tristeza”. “Vamos acompanhar de perto a investigação policial que apura as responsabilidades e estamos, através de nossa secretaria de Assistência, dando apoio aos familiares”, escreveu nesta sexta.

O governador Cláudio Castro (PL) também manifestou em nota solidariedade aos parentes e disse que desde esta quinta o Governo do Rio está prestando assistência psicológica aos familiares da menina por meio da Secretaria de Estado de Assistência à Vítima.

As ligas das escolas de samba Liga-RJ e Liesa se solidarizaram com a família e afirmaram, em nota conjunta, que a criança “subiu no carro alegórico fora do sambódromo, na rua Frei Caneca, no Estácio, após deixar a área de dispersão”.

“Equipes das Ligas e da Escola acompanham o caso na unidade hospitalar ao lado da família desde o primeiro instante e também colaboram com as autoridades. Nesse momento, é preciso esperar a apuração da perícia e autoridades para novos esclarecimentos”, afirmaram.

Procurada por email e por suas redes sociais para dizer se havia segurança no carro alegórico, a escola Em Cima da Hora não havia respondido até a publicação desta reportagem.