Descoberta de ossada de bebê evidencia achado arqueológico urbano no Recife

Descoberta de ossada de bebê evidencia achado arqueológico urbano no Recife

“Há possibilidade de existir um cemitério onde encontramos o sepultamento do bebê, que foi enterrado dentro de um caixão de madeira, muito acima dos esqueletos do século 17”, frisa.

A área é tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Há um projeto de construção para um conjunto habitacional na área. As pesquisas foram feitas como parte do trâmite para viabilizar os edifícios residenciais.

“A prefeitura criou um grupo de trabalho para discutir um roteiro para que as pessoas tenham conhecimento dessa parte da história do Recife”, afirma Luiz Henrique Lira, presidente da URB (Autarquia de Urbanização do Recife).

“É fundamental dialogar o conjunto habitacional com os aspectos histórico e turístico da cidade”, acrescenta.

De acordo com Lira, a gestão municipal pretende criar um memorial a céu aberto sobre as descobertas dos esqueletos pelas ruas do Bairro do Recife. O objetivo é transmitir o conteúdo histórico em parceria com os pesquisadores.

De 2014 a 2020, também houve achados de objetos relativos ao período da presença dos holandeses no Recife no século 17. Nesse período, o projeto contabilizou cerca de 40 mil fragmentos.

“Temos uma quantidade de material imensa, louças, cachimbos holandeses, ingleses, portugueses, os que a gente chama de luso-brasileiros do período em que o Brasil era colônia, balas de canhão, aviamentos de fardamentos de militares, material muito rico de higiene como escovas de dente do século 19, garrafas de vários tipos de bebida, de vinho, de champanhe, cerveja, uma infinidade de materiais”, explica Suely Luna.

O contrato da prefeitura com a Universidade Federal Rural, por meio da Fundação Apolônio Salles de Desenvolvimento, é acompanhado pelo Iphan. Relatórios são enviados periodicamente pelos pesquisadores para a autarquia municipal. O vínculo acontece desde 2016 e a previsão é de um custo de mais de R$ 3 milhões ao final do período.

Durante a investigação, os pesquisadores também descobriram alguns vestígios do antigo Forte de São Jorge sob a Igreja do Pilar e, ainda na fase de pesquisa, foram constatadas algumas obras do século 16, como a ocupação de casas e armazéns.

O Forte de São Jorge é a maior edificação do gênero instalada no território brasileiro durante o Século 16. O local é um bastião da resistência dos portugueses contra a invasão holandesa.

Perto da localidade, havia o Forte de São Francisco, que fazia o controle das embarcações que chegavam pelo mar. Por causa da resistência, os holandeses não obtiveram sucesso nos planos.

Diante disso, investiram no plano de invadir a capital pernambucana indo pela cidade de Olinda. Sem esperar, os guardiões do Forte de São Jorge acabaram sendo surpreendidos pela investida. A partir disso, eles conseguiram dominar o território.