Vladimir Zelenko, médico que inspirou Trump a defender kit Covid, morre aos 48 anos

Vladimir Zelenko, médico que inspirou Trump a defender kit Covid, morre aos 48 anos

Na época, o médico afirmou ter tratado 700 pessoas com o kit Covid. Desses, seis precisaram de internação, sendo que dois evoluíram para um quadro de pneumonia, dois necessitaram de intubação e um morreu. A vítima morta, segundo alegou médico, havia abandonado o tratamento.

Em uma entrevista ao ex-prefeito de Nova York e advogado de Trump, Rudolph Giuliani, o médico defendeu que o tratamento reduzia o risco de internação e deve ser receitado apenas para pessoas com mais de 60 anos ou com doenças crônicas, por causa dos efeitos colaterais das drogas.

Trump chegou a chamar o tratamento de “muito eficaz” e de possivelmente “o maior divisor de águas na história da medicina”. A tese se propagou entre negacionistas dos EUA e de outros países, inclusive no Brasil.

Em março de 2021, especialistas internacionais do Grupo de Desenvolvimento de Diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS) concluíram que a hidroxicloroquina não deve ser usada no tratamento precoce da Covid-19.

Notícias falsas publicadas no ano passado afirmaram que Zelenko havia sido incluído em um grupo de médicos indicados ao prêmio Nobel da Paz por seu papel no tratamento da pandemia.

A fake news viralizou na época em redes sociais, inclusive entre os defensores do uso de kit Covid no Brasil.

Durante a gestão do governo Jair Bolsonaro (PL) na crise sanitária imposta pela Covid-19, o presidente brasileiro, em inúmeras ocasiões, defendeu o uso de remédios sem eficácia comprovada para combater a doença, notadamente a cloroquina, a hidroxicloroquina e a ivermectina.

A insistência do mandatário nesse ponto, inclusive, rendeu pedidos de impeachment por crime de responsabilidade contra a saúde pública, além de uma notícia-crime por charlatanismo.

Diversos estudos já publicados em revistas científicas atestaram que o chamado “kit Covid” não possui qualquer eficácia no combate ao vírus e, pelo contrário, provoca efeitos colaterais graves no paciente.