Atirador que matou 6 nos EUA era rapper no YouTube e descrito como "estranho" e "deprimido"

Paul A. Crimo, o tio do jovem, afirma que seu irmão havia concorrido à Prefeitura de Highland Park e tem boas relações com muitos na cidade. Crimo era conhecido como “Awake The Rapper”.

Não está claro se o jovem tinha afiliações políticas. Bennett Brizes, que se tornou amigo de Crimo por volta de 2015, disse ao Washington Post que ele era “apolítico” e que, quando questionado sobre episódios atuais da política, o amigo apenas respondia “cara, eu não sei”. Os dois perderam contato em 2019, mas Brizes descreve Crimo como alguém que estava deprimido e era descrito como estranho pelos demais.

O ataque na pequena Highland Park foi o 309º tiroteio em massa e o 15º episódio do tipo neste ano que deixou múltiplos feridos nos Estados Unidos, segundo dados do Gun Violence Achieve, projeto que desde 2013 monitora diariamente a violência armada no país.

O governador de Illinois, onde está a cidade, J.B. Pritzker, pediu em comunicado que as pessoas orem pelas famílias que foram diretamente afetadas pelo episódio. Mas ele, um democrata, logo advertiu: “Orações sozinhas não vão encerrar o terror da violência armada no nosso país; nós devemos e vamos acabar com essa praga”.

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O estado tem a sexta lei de segurança de armas mais rígida dos EUA e a nona taxa de posse de armas, de acordo com a ONG Everytown for Gun Safety, que advoga pelo maior controle das armas de fogo. Há, por exemplo, checagem de antecedentes para a compra de revólveres.

“Ainda que um líder na promulgação de leis de prevenção de violência armada, Illinois continua a experimentar uma taxa inaceitável de violência, perto da média nacional”, diz a ONG. A explicação, afirma, estaria no fato de o estado estar cercado por regiões com leis muitos mais fracas, como Indiana. “Uma parcela enorme de armas traficadas e recuperadas em Illinois foi comprada fora do estado”, informa o site.

Há pouco menos de um mês, o governador Pritzker sancionou uma lei que proíbe a venda e a posse das chamadas “armas fantasmas” –aquelas sem número de série que, geralmente, são vendidas desmontadas, o que ajuda a driblar a burocracia.

“Aqueles que criam, vendem e compram essas armas sabem que estão trabalhando para contornar as leis que asseguram que armas de fogo ficarão longe de traficantes e abusadores”, disse ele na ocasião.

A maior parte das vítimas do episódio ainda não foi identificada. Um dos que morreram, Nicolas Toledo, tinha 76 anos e estava sentado em sua cadeira de rodas quando foi baleado ao menos três vezes, disse sua neta Xochil ao jornal The New York Times.

A família criou um financiamento coletivo em uma plataforma online para arrecadar dinheiro para enviar o corpo de volta para o país natal de Nicolas, o México. Mais de US$ 36 mil (R$ 193 mil) haviam sido arrecadados até a manhã desta terça (5).

Outra das vítimas é Jacki Sundheim, que colaborava com uma sinagoga em Chicago. “O trabalho, a gentileza e o afeto de Jacki tocaram a todos nós, sempre com uma dedicação incansável”, disse a Congregação Israelense de North Shore em um comunicado.

Ao canal WGN9 uma testemunha afirmou que, ao ouvir os tiros e ver as pessoas correndo, chegou a esconder seu filho em uma lixeira para que pudesse ir à procura dos demais familiares.