PM que atirou em lutador vetou arma da corporação para soldado em tratamento de saúde

PM que atirou em lutador vetou arma da corporação para soldado em tratamento de saúde

Sem a arma, o soldado foi orientado por sua advogada a encaminhar um documento oficial ao comando de sua unidade. Nele, relatou os riscos de andar desarmado.

No ofício, ao qual a reportagem teve acesso, o soldado, morador de um bairro na periferia da zona norte, disse ser alvo de ameaças de integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

Ele afirmou ainda que usa o transporte público, o que o deixa mais vulnerável a ataques no caminho até a unidade em que trabalha.

O responsável por analisar o pedido foi Velozo, que, à época, comandava interinamente o 49° batalhão, com sede na zona noroeste.

À mão, o tenente negou o pedido. “Há impedimento formal da concessão de armamento ao militar durante o PAE”.

No entanto, o próprio tenente indicou a seu subordinado a compra de uma arma particular para sua defesa. “Recomenda-se ainda, caso sentir ser um bem primordial, a aquisição de uma arma particular para proteção própria e da família.”

Velozo escreveu ainda que era realizado policiamento na região em que o soldado mora, mas também providenciaria um reforço na segurança na área no período em que ele estivesse desarmado.

Foi a decisão do Estado de tomar a arma do solado e a negativa do tenente de devolvê-la que motivou a advogada a abrir o mandado de segurança contra o oficial.

Na Justiça comum, o soldado obteve nova derrota, já que o juiz decidiu não devolver a arma, uma vez que disse não ter encontrado irregularidades na ação da autoridade policial.

Questionada sobre o caso, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) afirmou que a solicitação da reportagem estava em apuração.

HISTÓRICO DO POLICIAL

VELOZO JÁ FOI ACUSADO DE AGREDIR UMA MULHER COM UM SOCO

A ocorrência foi relatada há dois anos e teria acontecido dentro de uma lancha no litoral norte paulista. A informação consta de material interno da PM sobre feitos e ocorrências envolvendo o tenente, atualmente lotado no Comando de Policiamento de Área 5, no Rio Pequeno, zona oeste da capital.

A SSP confirmou que a vítima registrou um boletim de ocorrência por lesão corporal. Já o PM registrou um por calúnia contra a mulher. Os envolvidos, porém, não deram continuidade ao caso.
A reportagem não localizou os advogados que atuaram no caso.

Defensor do tenente na ocorrência que envolve a morte do lutador, João Carlos Campanini disse não ter conhecimento do fato registrado no litoral.

Em maio do ano passado, o tenente foi condenado a nove meses de prisão em regime aberto por desacato e agressão a policiais.

O episódio que levou à condenação dele ocorreu em 27 de outubro de 2017 na The Week, na Lapa, zona oeste paulistana. Ele estava de folga.

Segundo a denúncia recebida pela 1ª Auditoria da Justiça Militar, policiais militares foram acionados para ir à casa noturna após o tenente se envolver em uma confusão no local.

No processo, ele alegou que apenas agiu para separar sete pessoas que agrediam um primo dele.
Ao ser abordado pelos policiais, Velozo reagiu.

“Em dado momento, o soldado [a reportagem suprimiu o nome do policial] se afastou do denunciado e esticou o braço, em nítida intenção de mantê-lo a distância. Neste instante, o tenente Velozo desferiu um soco no braço do soldado. Em seguida, o denunciado desferiu outro soco, visando acertar o rosto soldado”, cita trecho da denúncia.

Mostrando-se exaltado e nervoso, Velozo passou a agredir verbalmente um outro tenente que chegou ao local, dizendo “você é meu recruta”, “seu covarde”, além de diversos palavrões.