Joguei cabo, mas não consegui tirá-lo, diz vizinho de garoto morto ao cair em buraco

O montador de estruturas metálicas Bruno Pereira, que mora em frente ao loteamento, acionou a Polícia Militar. Segundo o vizinho, o garoto era muito pequeno e magrinho. “Não ultrapassava a minha cintura e era mais fino que meu braço.”

Tanto a tia quanto os dois vizinhos relataram à reportagem que não havia nenhuma sinalização da perfuração no local.

Coube a Patrícia conversar com o sobrinho enquanto bombeiros tentavam resgatá-lo. “Ele ficava desesperado, pois cada movimento, por mínimo que fosse, fazia com que terra se desmoronasse sobre ele”, afirmou a tia. Chegaram a rezar juntos durante o processo.

Pedro e faria nove anos em outubro e, ainda pequeno, foi diagnosticado com esquizofrenia e TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), segundo a tia.

A primeira iniciativa dos bombeiros foi jogar uma corda em laço envolvida em um lençol e pedir que o próprio Pedro se amarrasse para que fosse puxado para cima.

Na primeira tentativa de içá-lo, conta a tia, a corda passou pelo pescoço ele. Na segunda vez, ele conseguiu prendê-la no tronco, mas ainda assim bombeiros não conseguiam puxá-lo.

Por volta das 20h30, segundo a tia, Pedro passou a dar sinais de debilidade e começou a cochilar. A corda presa ao corpo era então acionada em alguns momentos para que o menino despertasse com os solavancos.

Como o solo era instável, foi necessário escorar as laterais do buraco de forma gradual. Bombeiros conseguiram concluir o resgate somente nesta segunda (22), por volta das 9h40.

“Ninguém da nossa família teria conseguido se manter por 17 horas no buraco como Pedro conseguiu. Ele chegou ao limite, mas o fez sorrindo e brincando com os bombeiros, foi um guerreiro”, disse a tia, com lágrimas nos olhos.

O corpo de Pedro começou a ser velado na tarde desta segunda na Funerária Carmense e será sepultado nesta terça (23).

A Prefeitura de Carmo do Paranaíba afirmou que o buraco está dentro de um loteamento em que será construído um condomínio particular e que o empreendimento está com documentação regular.

A ATR + Construtora, responsável pelo loteamento, afirmou em nota que uma empresa terceirizada realizava obra para instalação de reservatório de água. Disse também que as causas do acidente estão sendo apuradas.

A Polícia Civil abriu investigação para apurar as circunstâncias da morte. “A princípio, foi detectado que o local onde ocorreu o acidente se trata de loteamento particular, aparentemente sem sinalização”, disse em nota a corporação.