Lula vence 2º turno contra Bolsonaro, mas com menor diferença já registrada entre eles, mostra Datafolha

Lula vence 2º turno contra Bolsonaro, mas com menor diferença já registrada entre eles, mostra Datafolha

O enfrentamento entre os dois políticos é o mais provável, já que, na sondagem de primeiro turno, Lula registra 45%, e Bolsonaro, 32%. Os novos resultados indicam redução na chance de o pleito se resolver no primeiro turno, devido à oscilação positiva de rivais do petista.

A margem de erro do levantamento, feito de terça (30) a quinta-feira (1º), é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, e o intervalo de confiança é de 95%. O Datafolha ouviu 5.734 eleitores em 285 municípios. A pesquisa, contratada pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo, está registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número BR-00433/2022.

Segundo o Datafolha, 8% dos eleitores votariam em branco, anulariam ou não votariam em nenhum candidato se fosse confirmado o embate direto entre os dois favoritos; 1% não soube responder.

A ida ou não da disputa para o segundo turno depende do que for alcançado pelos candidatos no primeiro turno em percentual de votos válidos, ou seja, descontando nulos e brancos. Esse é o critério considerado pela Justiça Eleitoral para a definição do pleito. De acordo com a nova pesquisa, Lula tem 48% dos votos válidos no primeiro turno. Pela margem de erro, o índice pode oscilar de 46% a 50%. Na rodada anterior, de meados de agosto, ele marcou 51% (indo de 53% a 49%).

Na eventual batalha de segundo turno, Lula está à frente de Bolsonaro tanto entre homens quanto entre mulheres. No eleitorado masculino, ele registra 50% (ante 43% de Bolsonaro) e, no feminino, chega a 57% (ante 33% do rival). Parcela determinante da eleição, o eleitorado feminino corresponde a 53% do total.

O ex-presidente também vai bem entre pessoas cuja renda mensal familiar é de até dois salários mínimos, alcançando o patamar de 63%. Entre os mais ricos, que recebem mais de dez salários, a intenção de voto cai para 39%. Nessa parcela mais endinheirada, Bolsonaro vai a 52%. Na mais pobre, tem 29%.

O mandatário abre distância entre os evangélicos, que totalizam 25% dos eleitores e estão mais próximos do atual presidente do que do ex. Dentro dessa fatia, Bolsonaro obtém no segundo turno 55% dos votos (ante 39% do adversário). Entre católicos, o quadro se inverte: Lula tem 59%, e o rival, 32%.

Uma parte dos aliados de Lula trabalha pela vitória do petista no primeiro turno, ainda que a possibilidade hoje tenha se reduzido. A estabilidade de Bolsonaro e as variações de candidatos como Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) dificultam a hipótese de que o petista liquide a disputa de imediato.

Com a margem estreita, cada ponto nas pesquisas é crucial para indicar a chance de Lula sair vitorioso já em 2 de outubro. Para vencer nessa etapa e evitar a segunda rodada, um candidato precisa obter mais da metade dos votos válidos (excluídos brancos e nulos).

O cenário mais otimista não é unanimidade no comitê do PT. Edinho Silva, um dos coordenadores de comunicação, disse há alguns dias que acha difícil o pleito terminar na fase inicial. Para ele, a taxa de rejeição aos candidatos será determinante. Hoje, Bolsonaro é repelido por 52%, e Lula, por 39%.

Para melhorar o desempenho do ex-presidente, a cúpula petista aposta em atrair mais mulheres e indecisos. O quadro também amplia a pressão sobre apoiadores de Ciro, que tendem a migrar para Lula.

A pesquisa mostra que, entre os que declaram voto no pedetista no primeiro turno, 48% optam pelo ex-presidente no segundo. Outros 27% vão para Bolsonaro. Ciro tem hoje 9% das intenções de voto.

Um dos pontos que mais preocupam a aliança do PT é a distância que a candidatura do atual presidente abriu entre evangélicos, que estão mais próximos do campo antagônico.

Já a campanha de Bolsonaro, que se articula para levar o enfrentamento com Lula para o segundo turno, considera que ganharia tempo para tentar reduzir a rejeição ao mandatário e recuperar terreno, capturando, por exemplo, eleitores que votaram nele em 2018 e se afastaram.

Além disso, estrategistas do presidente afirmam que, ao levar a disputa para o segundo turno, Bolsonaro seria beneficiado pela cristalização da percepção positiva em torno da liberação de auxílios e benefícios e da redução dos preços de combustíveis, com impacto na taxa de inflação.