Nunca teve Covid-19? A resposta pode estar nos seus genes

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O estudo

Ao longo da pesquisa, os pesquisadores de Oxford analisaram amostras de DNA de 1.190 pessoas que se inscreveram para os ensaios clínicos da vacina de covid-19 da universidade; de 1.677 adultos que faziam parte do estudo que analisava as opções de segunda dose para quem havia recebido os imunizantes Oxford-AstraZeneca ou Pfizer-BioNTech como primeira dose; e também de crianças que participaram de ensaios clínicos da vacina Oxford-AstraZeneca.

Os indivíduos que carregavam o gene HLA-DQB1*06 apresentaram respostas mais altas de anticorpos 28 dias após a primeira vacina, e eram mais propensos a essa reação imune mais acentuada a qualquer momento após a vacinação.

Foto: Patricia de Melo Moreira/AFP

Depois de um acompanhamento de 494 dias, os cientistas descobriram que, enquanto o HLA-DQB1*06 estava presente em cerca de um terço das pessoas que apresentaram sintomas de covid-19, ele estava em 46% dos indivíduos que não relataram sintomas.

Em outras partes do mundo, cientistas também estão tentando entender como a genética pode explicar que algumas pessoas estejam mais protegidas contra a covid-19 que as outras, o que pode significar que o mesmo seja verdade para outras doenças e ajudar no desenvolvimento de novas vacinas e medicamentos.

No Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pesquisadores analisaram os dados de idosos com mais de 90 anos que se recuperaram da doença com sintomas leves ou que permaneceram assintomáticos após teste positivo para o novo coronavírus.

A análise indicou que os que tiveram covid leve apresentavam mais variantes do gene MUC22, ligado à produção de muco e lubrificação das vias respiratórias, o que pode significar que o gene reduz a resposta imune ativa contra o vírus enquanto protege as vias respiratórias, aumentando a resistência do indivíduo.

Cientistas da Fapesp também identificaram que a maior quantidade de um alelo do gene HLA-DOB pode estar relacionado a um agravamento da infecção. Esse gene tem maior ocorrência em pessoas africanas e sul-americanas e pode interferir na passagem de antígenos do vírus para a superfície celular, o que altera a capacidade do sistema imunológico de identificar esses antígenos e provocar uma resposta a eles.