Maia diz que Bolsonaro 'falou uma coisa e foi interpretado de outra' sobre a situação na Amazônia

Em evento da Câmara de Comércio França-Brasil, presidente da Câmara disse que Bolsonaro 'falou uma coisa e foi interpretado de outra' sobre a situação da [...]

Maia diz que Bolsonaro 'falou uma coisa e foi interpretado de outra' sobre a situação na Amazônia

Em evento da Câmara de Comércio França-Brasil, presidente da Câmara disse que Bolsonaro 'falou uma coisa e foi interpretado de outra' sobre a situação da Amazônia, causando preocupação internacional. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ)

GloboNews/Reprodução

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, afirmou nesta segunda-feira (26) em São Paulo em um evento para empresários da Câmara de Comércio França-Brasil que comentários do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), criticando a atuação de fiscais que multam por degradação ambiental foram "mal interpretados".

Segundo Maia, Bolsonaro criou uma narrativa sobre a situação da Amazônia que causou preocupação internacional e gerou o entendimento a alguns de que o desmatamento não seria punido. Para o presidente da Câmara, Bolsonaro tem que tomar cuidado com "a narrativa que constrói."

"Eu acho que ele falou uma coisa e foi interpretado de outra e depois, quando ele questionou os dados do Inpe, eu acho que ele gerou uma insegurança nos parceiros comerciais brasileiros. Todo mundo vê a região da Floresta Amazônica como um patrimônio da humanidade. É muito sensível qualquer coisa que acontece naquela região", disse Maia.

O presidente da Câmara disse aos jornalistas após um almoço com empresários franceses que "quando você questiona os dados e você, como eu falei, faz uma narrativa de que o estado brasileiro passou a intervir demais na vida do cidadão, isso não significa que uma pessoa que cometa, que desmate, que não vá sofrer as penas da lei."

"Eu acho que ele [Bolsonaro] não quis dizer o que alguns interpretaram como alguma liberdade para desmatar no Brasil. Com o discurso dele de sexta eu acho que ele reposicionou isso e colocou as Forças Armadas para irem à região amazônica e estancar esta crise", acrescentou Maia.

Questionado sobre se os comentários de Bolsonaro nas redes sociais, entre eles um comentário envolvendo a mulher do presidente da França, atrapalham as relações.

"Atrapalham porque tudo o que você faz, mesmo que você faça brincando, você atinja pessoalmente a outra pessoa, que outra pessoa vai ter sempre algum tipo de maior emoção na sua decisão e na sua crítica. Acho que o presidente da França, assim como o do Brasil, pode ter errado. Acho que em um momento ele se excedeu, quando ameaçou romper o acordo Mercosul e União Europeia", disse Maia.

Ajuda externa

Mais cedo, ele defendeu que Brasil utilize a ajuda prometida pelo G7 para combater os incêndios na região Amazônica. Maia disse que o país vive dificuldades financeiras e que tem condições de receber e utilizar bem esses recursos.

Os líderes do G7 anunciaram nesta segunda-feira que vão providenciar 20 milhões de euros (cerca de R$ 91 milhões) de ajuda emergencial para combater os incêndios na Amazônia, de acordo com o presidente da França, Emmanuel Macron.

O presidente Jair Bolsonaro questionou o interesse do presidente da França em auxiliar as ações de combate às queimadas.

"Não vejo problema do Brasil aceitar ajuda nessa e em outras áreas, contanto que fique claro que a região amazônica, como todo território nacional, a soberania é do Estado brasileiro", declarou Maia, que participou de um seminário do Superior Tribunal de Justiça sobre a lei geral da proteção de dados.