Teste com vacina contra HIV tem resultados positivos

Teste com vacina contra HIV tem resultados positivos

A produção de anticorpos está associada com células chamadas linfócitos B. No entanto, para o caso dos anticorpos altamente neutralizantes, esses linfócitos são raros e, por isso, a produção é insuficiente mesmo em pessoas que vivem com o HIV.

“Se você pegar uma pessoa que tem HIV, ela tem muitos linfócitos B que estão fazendo anticorpos contra o vírus, mas raramente estão fazendo [aqueles que são] neutralizantes”, diz Pinto.

Formada por 120 cópias da proteína mais externa do HIV, a chamada GP120, a nova vacina estimulou as células precursoras do linfócito B. Com isso, os anticorpos altamente neutralizantes também passaram por um maior nível de indução, sendo um indicativo importante de que o imunizante pode ser útil na prevenção da doença.

No total, o estudo contou com 36 participantes. Desses, 35 apresentaram respostas nas células precursoras do linfócito B associado ao anticorpo que é eficaz contra o HIV. Além disso, o padrão de segurança do imunizante foi medido -objetivo importante para estudos como esse, que é de fase um.

Novas fases

Para Pinto, as descobertas do estudo são significativas de que a vacina pode funcionar, mas faltam estudos maiores e mais longos para medir se a geração de anticorpos induzidos pela vacina realmente vai ocasionar proteção contra o HIV.

Esse é um dilema que todo estudo para vacina contra o vírus enfrenta. Um estudo de fase três demanda uma amostra grande e acompanhamento por um período de tempo para comparar a taxa de infecção do grupo placebo com aquele que recebeu o imunizante.

Mas isso pode demorar anos em um teste com uma vacina para Aids porque os participantes precisam ser muito bem informados sobre prevenção do vírus. Além disso, o vírus é transmitido por relações sexuais ou compartilhamento de objetos. Dessa forma, a transmissão pode ser considerada mais difícil comparado a outros patógenos, como o Sars-CoV-2, cuja transmissão se dá principalmente por vias aéreas.

Por isso, Pinto diz acreditar que, mesmo com os resultados promissores, a nova vacina pode demorar bastante para contar com novos dados sobre sua eficácia. “Quando chegar a uma fase três, vai ser um problema que sempre aparece em vacinas contra HIV, que é saber se as pessoas vão infectar ou não no mundo real”, conclui.