PM mata catador de recicláveis após confundir peça de madeira com fuzil no Rio de Janeiro

PM mata catador de recicláveis após confundir peça de madeira com fuzil no Rio de Janeiro

A falha foi admitida em nota pela corporação.

“Uma equipe se deslocava pela localidade do Pantanal, uma área historicamente conflagrada, quando se deparou com um homem conduzindo o que aparentava ser um fuzil, pendurado em uma bandoleira. Os policiais efetuaram disparos e o atingiram. O ferido não resistiu.”

A vítima foi identificada como Dierson Ges da Silva, 50, morador da comunidade. A reportagem teve acesso a um relatório feito pelo 18º BPM (Jacarepaguá), unidade que participava da operação, no qual policiais escreveram que se sentiram ameaçados.

“A guarnição deparou-se com um suspeito saindo de um barraco com um simulacro (similar a fuzil) em uma alça (similar a uma bandoleira), em postura similar a uma conduta de patrulha, em direção aos policiais militares. A guarnição sentindo se ameaçada, efetuou DAFs (Disparos de Arma de fogo) contra o suspeito, o qual veio a óbito.”

Os disparos teriam sido feitos pelo GAT (Grupo de Ações Táticas) da unidade. Após o crime, moradores cercaram os agentes e os chamaram de “assassinos”. O clima é tenso no local e o comércio foi fechado.

O caso foi encaminhado para a Delegacia de Homicídios da Capital que realizou perícia no local. Um policial civil ouvido pela reportagem, que não quis se identificar, afirmou que o objeto realmente é parecido com um fuzil, mas a falha policial é agravada pelo fato do suspeito não ter apontado o objeto em direção aos agentes.

A PM afirmou que instaurou um procedimento apuratório para averiguar as circunstâncias da morte. Ainda segundo a corporação, a operação conta com o apoio do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e do BAC (Batalhão de Ações com Cães).

O objetivo da operação seria a prisão de criminosos que atuam no crime organizado daquela localidade e roubos na região, além de também apreender armas de fogo.

Em 2010, um morador do morro do Andaraí, zona norte do Rio, foi morto pelo Bope quando a furadeira que ele segurava foi confundida com uma arma. No ano anterior, André Luís de Souza foi morto ao ter o guarda-chuva confundido com um fuzil.

Em 2015, os amigos Thiago Guimarães Dingo e Jorge Lucas Martins Paes morreram baleados após outro erro da Polícia Militar: ambos estavam em uma moto e o macaco-hidráulico que um deles segurava foi confundido com uma arma.