Há 15 anos, padre do balão alçava voo no litoral paranaense com final trágico; relembre

Há 15 anos, padre do balão alçava voo no litoral paranaense com final trágico; relembre

Suspenso por cerca de mil balões de festa cheios de gás hélio, um padre de 42 anos desapareceu na noite de 20 de abril no litoral de Santa Catarina. Praticante do balonismo caseiro, também conhecido como navegação em balões de festa, o padre Adelir Antônio de Carli, 42, tentava bater um recorde mundial da categoria —queria ficar 20 horas no ar“, informa texto da Folha do dia 22 de abril de 2008.

Apesar do final trágico, a história do padre do balão se tornou um conto folclórico brasileiro. A expressão “mais louco que o padre do balão” embalou até música sertaneja na voz de Munhoz e Mariano em Balada Louca“.

Relembre a história do padre paranaense

Suspenso por mil bexigas com gás hélio, Adelir Antônio de Carli, 42, tentava bater recorde mundial de balonismo caseiro. Mesmo com céu nublado e chuvoso, ele partiu de Paranaguá (PR) e, em seu último contato, disse que iria cair no litoral de SC

Suspenso por cerca de mil balões de festa cheios de gás hélio, um padre de 42 anos desapareceu na noite de anteontem no litoral de Santa Catarina.

Praticante do balonismo caseiro, também conhecido como navegação em balões de festa, o padre Adelir Antônio de Carli, 42, tentava bater um recorde mundial da categoria -queria ficar 20 horas no ar.

Segundo a equipe de apoio do padre, o recorde pertence a dois norte-americanos que ficaram 19 horas no ar.

Além do recorde, o padre dizia ainda que iria divulgar a Pastoral Rodoviária, de apoio a caminhoneiros.

Carli partiu de Paranaguá (96 km de Curitiba) às 13h de domingo. Seu destino era Ponta Grossa (113 km de Curitiba), a 180 km do local da decolagem.

Mesmo com o céu nublado e pancadas de chuva, o padre manteve o vôo. Segundo o empresário José Agnaldo de Morais, da equipe de apoio, Carli chegou a ser aconselhado a adiar a viagem, mas se recusou. “Ele sempre tomou a última decisão sobre o que fazer.”

Nesse tipo de navegação, o balão depende da direção do vento e é apenas controlado pelo piloto nos momentos de subida ou descida. A suspeita é que o balão do religioso tenha sido atingido por uma corrente de vento. Por causa disso, ele foi levado para o mar, em sentido oposto ao de Ponta Grossa, seu destino original. Ele chegou a atingir 5.500 m de altura, segundo a equipe de apoio.

Por celular via satélite, o padre entrou em contato com os bombeiros de Guaratuba (PR) e disse que precisava que alguém o ensinasse a operar o aparelho de GPS (sistema de posicionamento global) que portava. Disse ainda que a bateria do seu telefone estava acabando.

Carli fez o último contato do balão com bombeiros de São Francisco do Sul, no litoral norte de Santa Catarina, às 20h45 de anteontem. Informou que perdia altura e que precisava de resgate, pois iria cair no mar.

O padre dizia estar a 20 km da costa, entre as cidades de São Francisco do Sul e Barra do Sul. Pela costa, o local fica a 90 km do ponto da decolagem.

Resgate

As buscas começaram na tarde de anteontem e se estenderam até as 18h30 de ontem. Embarcações civis, um avião da FAB (Força Aérea Brasileira), outro do governo do Paraná, um helicóptero da Polícia Militar e dois barcos da Marinha participaram dos trabalhos.

Pela manhã, foram encontrados, em Penha (120 km de Florianópolis), destroços dos equipamentos -balões e cordas- usados pelo religioso.

Para o bombeiro Johnny Coelho, há 70% de chances de o padre estar vivo. “Temos informação de que ele tem curso de mergulho, alpinismo, sobrevivência em selva e salvamento aquático. Levava água e pode, sim, estar vivo.” “A esperança é que ele seja encontrado com vida”, fez coro Morais, da equipe de apoio. Segundo ele, o padre informou a base da Aeronáutica em Curitiba sobre o vôo.

Carli levava barras de cereais e água no vôo. De acordo com Morais, o padre poderia boiar no mar, pois carregava oito bolsas impermeáveis com água, que servem de lastro para ganhar ou perder altura.

Para evitar congelamento em alturas de até 5.000 metros, Carli usava capacete, botas e um macacão de pára-quedismo de tecido grosso de algodão. Por baixo, portava ainda um traje conhecido como “manta de alumínio”, usado por praticantes de balonismo e pára-quedistas para evitar o congelamento a grandes alturas.

O padre havia feito um teste com um balão semelhante há cerca de um mês, em Ampére (510 km de Curitiba). Chegou a 5.300 metros de altura e voou cem quilômetros, por quatro horas, até atingir o município argentino de San Antônio.