Crise na agricultura Argentina ajuda a aumentar exportação em MS

Crise na agricultura Argentina ajuda a aumentar exportação em MS

A alta desenfreada da inflação na Argentina pode contribuir e muito para Mato Grosso do Sul, conforme avalia especialistas do setor produtivo, no Estado. Isso porque o novo cenário faz com que o mercado aumente a demanda, precisando importar cada vez mais de outros países e Estados.

Em uma análise, o economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Staney Barbosa Melo, destaca que a Argentina destinou, no ano passado, 37 milhões de toneladas de soja para a indústria esmagadora. "Este ano, o país terá algo em torno de 25 milhões de toneladas oriundas de sua produção interna, necessitando importar soja do exterior, para manter sua agroindústria operante".

Complementando, o profissional de economia explica que, na atual situação, na relação do agronegócio do Estado com a Argentina, o saldo é positivo, ao passo que lá falta mercadoria e aqui há em excesso.

"No caso de produtos de primeira necessidade, como é a soja, que serve para alimentar animais e a agroindústria do país não terá impactos nas compras, já que é fundamental para a própria sustentação econômica. Falta soja lá, terão que importar de algum lugar".

Segundos dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), no primeiro trimestre de 2023, 98% das exportações do MS foram provenientes do agronegócio.

"Para a Argentina, especificamente, que faz parte do Mercosul, o MS exportou principalmente soja em grãos, sendo 83,24% do total de produtos, entre eles celulose (14,89%), carnes (1,51%) e outros (0,36). Corroborando com a análise do economista, o assistente técnico do Sistema Famasul, José Paulo Nogueira, aponta dados do Estado.

"No primeiro trimestre de 2023, a Argentina importou cerca de 141 milhões de toneladas de grãos de soja de Mato Grosso do Sul."

O analista ainda salienta que o aumento das exportações de soja de Mato Grosso do Sul para a Argentina ocorreu logo após a quebra de safra, no país vizinho.

"Isso levou a um incremento na demanda de soja em grãos pelas refinadoras da Argentina de outras localidades, como é o caso da soja do MS, em que houve aumento das exportações de soja para a Argentina em 860%, no primeiro trimestre de 2023, comparado ao primeiro trimestre de 2022", finaliza.

Exportação
Em Mato Grosso do Sul, as atividades com o mercado externo seguem positivas. É o que mostra a Carta Conjuntura Internacional, divulgada pela Famasul, trazendo a análise de mercado do primeiro trimestre de 2023, em que o Estado apresentou crescimento de 4,10%, nas exportações.

Neste primeiro trimestre, tais atividades dentro do agro registraram aumento, saindo de US$
1,84 bilhão, no primeiro trimestre de 2022, para US$ 1,93 bilhões (4,10%), neste ano. Sendo que a Argentina foi o que mais ampliou suas transações com MS.

"Crescimento de 860%, comparado ao mesmo período, de 2021. No entanto, a China ainda é o principal parceiro comercial do MS", destaca a análise da Famasul.

Com o maior nível de inflação alcançado em 2023, a Argentina anda sofrendo com as instabilidades econômicas vividas no país, desde o ano passado. O acumulado dos últimos 12 meses chegou a 102,5%, maior índice dos últimos 30 anos, conforme indica o Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos) do país.

Com uma situação inédita, é a primeira vez que o índice de preços na Argentina chega aos três dígitos, se concretizando como o maior patamar, desde 1991. No mês anterior, o percentual fechou com elevação de 6,6%, sendo que somente nos dois primeiros meses do ano o acúmulo foi de 13,1%.

A inflação acumulada em 2022 no país sul-americano ficou em 94,80%. A taxa de juros no mês de março ficou em 78%. De acordo com o economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Staney Barbosa Melo, o país tem poucas reservas internacionais e mantém a máquina pública funcionando por meio de emissões monetárias, que já saíram do controle.

"Recentemente, a inflação do país ultrapassou 100% em 12 meses, tudo isso aliado a outros problemas, como crescimento do mercado informal e alto endividamento externo. A solução não é fácil, hoje, cerca de 36% dos argentinos não ganham o suficiente para atender as necessidades básicas, com parcela significativa destes, cerca de 660 mil domicílios, não tendo condições básicas de nutrição", ressalta o profissional de economia.

Com questões a serem resolvidas também no âmbito político do país, a situação que segue se agravando economicamente ocorre em ano eleitoral, em que devem ser eleitos novos governadores e presidentes, em outubro deste ano. (oestadoonline)