Governo brasileiro avalia convocar reunião de emergência na OEA por renúncia coletiva na Bolívia

Além do presidente Evo Morales, teriam renunciado o vice, o presidente da Câmara e o do Senado

Governo brasileiro avalia convocar reunião de emergência na OEA por renúncia coletiva na Bolívia

O governo brasileiro avalia convocar reunião de emergência do Conselho permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) por causa da situação de caos institucional na Bolívia. Itamaraty e Planalto tiveram informações, ainda não confirmadas, de que, além de Evo Morales e do vice-presidente, Alvaro García Linera, o presidente da Câmara, Victor Borda, e a presidente do Senado boliviano, Adriana Salvatierra também renunciaram.

Com isso, o próximo na linha de sucessão, que assumiria enquanto não são convocadas novas eleições, seria Petronilo Flores, presidente do Tribunal Constitucional, o Supremo Tribunal Federal da Bolívia.

O objetivo, segundo fonte do Planalto, é o estabelecimento imediato de condições para eleições limpas e transparentes, com monitoramento da OEA.

Mais cedo, o Itamaraty havia soltado uma nota sobre a análise de Integridade Eleitoral das eleições feita pela OEA, que detectou graves irregularidades no pleito, e pedindo realização de novas eleições.

O Itamaraty está aguardando ter informações mais concretas para se pronunciar, uma vez que há muitos boatos correndo. Um deles seria de que até presidente do Tribunal Constitucional teria renunciado.

"Estamos acompanhando de perto, com cautela, tentando ver como as forças políticas domésticas se posicionam", disse uma fonte do Planalto.

Evo Morales renunciou à Presidência da Bolívia em pronunciamento na televisão às 18h (horário de Brasília), da cidade de Cochabamba, após pressão das Forças Armadas e protestos intensos nas grandes cidades do país.

"Me dói muito que nos tenham levado ao enfrentamento. Enviei minha renúncia para a Assembleia Legislativa Plurinacional", afirmou.

Ele havia anunciado a convocação de novas eleições na manhã do domingo, depois que o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis Almagro, pediu a anulação das eleições na Bolívia, após auditoria realizada na apuração dos votos.

A tensão na Bolívia vem escalando nas últimas semanas por conta de enfrentamentos entre apoiadores e críticos de Morales, que o acusam de fraude. Nos dias mais recentes, houve levantes de policiais e militares que se recusaram a tomar ações de repressão contra opositores, enquanto Morales acusava uma "tentativa de golpe de Estado".

A Bolívia vive um agravamento da tensão nas ruas por conta dos resultados contraditórios divulgados após as eleições do último dia 20 de outubro, que conferia um quarto mandato a Evo.

O órgão eleitoral iniciou uma contagem rápida, que dava um resultado de segundo turno até os 80% das atas apuradas. Três horas depois, porém, essa contagem foi interrompida por 24 horas, enquanto se acelerou a contagem "voto a voto". Quando por fim foram anunciados os resultados, Morales estava na frente por pouco mais de dez pontos percentuais de vantagem, o que o levaria a conquistar seu quarto mandato já num primeiro turno.