Em Inocência, sai o boi e entra a floresta de eucalipto

A confirmação da chegada de uma gigante chilena para instalar uma fábrica de celulose em Inocência só acelerou um processo que já vinha se estabelecendo na cidade de 8,4 mil habitantes.

Em Inocência, sai o boi e entra a floresta de eucalipto

Comitiva de MS foi ao Chile em julho conhever unidade em Concepción e pôde fazer um paralelo sobre a mudança em Inocência. (Foto: Rede social)
Pensando adiante – Em entrevista no começo deste ano, o prefeito da cidade, Antônio Ângelo dos Santos, revelou a expectativa com o empreendimento, que deverá fazer a cidade saltar da 48ª para uma posição entre a 6ª e a 10ª economia do Estado.

Uma das consequências imediatas deve ser a elevação da média salarial, uma vez que os vencimentos pagos na indústria são mais altos. Conforme constou no Rima apresentado pela Arauco, Inocência tinha em 2021 a média de 1,9 salário-mínimo, enquanto a vizinha Três Lagoas, que já tem investimentos industriais, a média é de 2,9 salários mínimos por trabalhador.

No mês passado, o prefeito foi com o governador Eduardo Riedel e outras autoridades conhecer a fábrica que a Arauco instalou em Concepción, uma pequena cidade no Chile, e foi possível fazer um paralelo do impacto econômico e social que deve surgir em Inocência. Na ocasião, Riedel comentou que os moradores deverão ter calma, tranquilidade e foco durante a implantação, já que a cidade passará por uma transformação, para que "na maturidade do projeto a gente tenha a oportunidade de emprego e renda para o desenvolvimento de MS".

Como a principal dirigente do setor empresarial na cidade, Mariene também aposta nisso. Ela espera que haja diversificação e ampliação de atividades, como a chegada de uma escola particular, aumento de serviços privados de saúde e novas opções de lazer para a comunidade. Ela também torce para que os funcionários com maiores cargos residam na cidade, para aumentar o consumo local.

Unidade de fábrica ficará na zona rural, entre Inocência e Água Clara (Reprodução Rima)
Canteiro de obras- A Arauco ainda está na fase de licenciamento ambiental para iniciar suas obras, mas a área já foi escolhida, a 35 quilômetros da cidade, rumo a Água Clara. Desde já a cidade vivencia empreendimentos relacionados à celulose. Na margem da BR-158, perto de onde fica o trevo de acesso à Inocência, há uma imensa obra da Suzano.

Ali está sendo construído um porto seco, um entreposto para a chegada da celulose que será produzida em Ribas do Rio Pardo e levada por caminhões para embarque em trem para seguir rumo ao porto de Santos. A empresa ainda não detalha o empreendimento, mas quem passa pela rodovia já verifica muitos caminhões e maquinário dando forma ao projeto.

O governo estadual também tem obras na região, para atender os empreendimentos que passaram a se ampliar na área leste do Estado, que passou a ser chamada Vale da Celulose.

A Prefeitura adquiriu uma área e a Secretaria de Infraestrutura e Logística vai construir um aeródromo, que está na fase de projeto executivo. Além disso, a pasta estadual informou que está sendo pavimentando o acesso da cidade à Costa Rica, passando por Chapadão do Sul, obra dividida em três fases, e acesso a Água Clara (MS-377), uma vez que a fábrica ficará entre as duas cidades. Hoje a ligação é via BR-158, que se encontra com a BR-262 logo após Água Clara.

Audiência pública- Na audiência desta noite, a Arauco vai detalhar como será sua fábrica, a alocação dos equipamentos, alojamentos dos funcionários, os impactos no meio ambiente com o processo industrial, como o uso e destinação final da água do Rio Sucuriú, e medidas para mitigação. Somente mais adiante deve divulgar compensações para a cidade, como parcerias com a Administração Pública para ampliar serviços à comunidade.

Conforme o Rima, na fase das obras, serão 12 mil pessoas trabalhando no auge; com a empresa já instalada, a operação envolverá 1.070 empregos, próprios e de terceiros.

Para acompanhar a audiência pública desta noite, acesse o canal do Imasul.