Última a ser interrogada, Cristiana chora e reafirma que foi abusada por Daniel

O advogado da família Brittes, Claudio Dalledone, conta que Cristiane respondeu a todas as perguntas da juíza, promotores e advogados e que a acusação de [...]

Última a ser interrogada, Cristiana chora e reafirma que foi abusada por Daniel

O advogado da família Brittes, Claudio Dalledone, conta que Cristiane respondeu a todas as perguntas da juíza, promotores e advogados e que a acusação de homicídio contra ela não deve vingar. "Cristiana não participou e não prestou qualquer auxílio moral ou material ao homicídio de Daniel, por isso creio que essa acusação contra ela não vá vingar. O interrogatório foi emocionante, de uma mulher que foi abusada sexualmente e teve sua vida desgraçada por um indivíduo que invadiu a casa dela, o quarto, deitou em sua cama, se despiu e a abusou. Uma mulher jogada ao cárcere, que está presa faz 10 meses e tinha a filha até pouco tempo presa também, então não tem como não chorar e não se emocionar", disse o advogado.

Dalledone responsabilizou Daniel pela própria morte e cobrou "sororidade" das mulheres com a situação de Cristiana. "Daniel traçou as coordenadas da própria desgraça, quando abusou sexualmente de uma mulher indefesa. Não estou vendo sororidade e a condição feminina ser defendida nesse caso. A Cristiane é a maior vítima desse processo e me causa espécie saber que todas se mantém em silêncio quando uma mulher é abusada sexualmente. Uma mãe, empresária, dona de casa, sem antecedentes criminais, que não representa perigo nenhum e por isso também acredito que nós iremos conseguir libertar ela da prisão preventiva", contou o advogado da família.

Sobre o silêncio de Edison Brittes durante seu interrogatório, Dalledone afirma que é direito dele e que ainda existem muitas coisas a serem anexadas no processo. "Edson manifestou seu direito de permanecer em silêncio. Ainda existem muitas coisas a serem anexadas no processo com todas as deficiências e imperfeições do inquérito policial", revelou ele.

Acusação

O assistente de acusação, Nilton Ribeiro, classificou a audiência como um sucesso e lamentou que a defesa tenha tentado culpar o jogador pelo próprio fim. "Acho que foi um sucesso o dia de hoje com todos os acusados sendo interrogados e a condução do processo sendo muito bem feita pela nobre magistrada. Pesa apenas o fato de alguns réus tentarem imputar a motivação do crime para a vítima, mas não vejo nada que realmente possa mudar alguma coisa dentro do processo", disse Ribeiro que espera uma definição do caso em breve.

"Acredito que em torno de 2 meses teremos as definições, ou seja, dentro desse ano ainda. Foi um sucesso a nível de justiça, com o processo andando rápido, mesmo com tantos réus e testemunhas, ainda mais sendo um caso que é acompanhado nacionalmente", finalizou o advogado.

Edson Brittes

Edison Brittes Junior, o Juninho Riqueza, que é réu confesso do assassinato de Daniel Corrêa Freitas, ficou calado durante interrogatório à Justiça de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Ele seria o quarto ouvido na audiência, mas por orientação do advogado Cláudio Dalledone, optou por ficar em silêncio e não responder às perguntas da juíza Luciani Regina Martins de Paula, do Ministério Público do Paraná (MP-PR) e demais advogados.

Antes dele, passaram por interrogatórios as jovens Allana Brittes e Evellyn Brisola Perusso. A filha de Edison optou por não responder a questionamentos da acusação. Já Evellyn respondeu aos questionamentos e deu sua versão sobre o ocorrido.

Com a recusa de Edison em falar, o advogado Rodrigo Faucz também orientou seus clientes em permanecerem quietos. Com isso, Ygor King e David Willian Vollero Silva também ficaram quietos."Por orientação minha, optaram por ficar em silêncio, por conta da necessidade de Edison ser o primeiro a falar. Ficou bem claro que a participação deles é somente nas agressões, então foi preferível que fiquem em silêncio", disse.

Eduardo Henrique da Silva foi o sexto réu a entrar para interrogatório. Segundo o advogado dele, Edson Stadler, Eduardo reafirmou tudo que já havia dito na delegacia. "Ele retratou a verdade dos fatos, sinteticamente apresentando que ninguém tinha interesse de matar o Daniel. Eles tinham sim uma vontade de surrar, de bater, mal tratar e saíram com a intenção de fazer a castração, ridicularizando o Daniel por conta do comportamento abusivo contra a Cristiana. A mudança de atitude acontece quando Edison vê algo no celular, que o faz parar bruscamente o carro e cortar o pescoço dele. O Eduardo confirma ainda que o corpo de Daniel é levado para o local em que foi encontrado apenas por Edison", disse o defensor.

O caso

Daniel foi encontrado morto na manhã de 27 de outubro, na zona rural de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Ex meia de Coritiba e São Paulo, ele atualmente atuava no São Bento, time da série B do Campeonato Brasileiro. De acordo com a polícia, foi assassinado após participar da festa de aniversário de 18 anos de Allana em uma boate de Curitiba. Depois da comemoração, alguns convidados seguiram para a casa da garota, incluindo Daniel, em São José dos Pinhais.

Na residência, o pai da menina, Edison, iniciou uma sessão de espancamento contra Daniel após ter visto o jogador em seu quarto, onde sua mulher Cristiana Brittes dormia. O atleta apanhou de vários homens até ser levado de carro por Edison, David, Eduardo e Ygor até a Colônia Mergulhão.