Dono de fazenda com onças diz que queimada é 'tragédia' e agora quer pesquisar reação da natureza em MS


Dono de fazenda com onças diz que queimada é 'tragédia' e agora quer pesquisar reação da natureza em MS

Roberto Klabin afirmou que quer "aproveitar esse momento para aprender com ele". Incêndio destrói 35 mil hectares de fazenda no Pantanal de MS

O empresário Roberto Klabin, dono do Recanto Ecológico Caiman, em Miranda, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, avalia como tragédia a queimada que destruiu 35 mil hectares da fazenda, que trabalha com ecoturismo, pecuária e pesquisas e agora, diante do que aconteceu, quer investir em pesquisas sobre a reação da natureza.

"... eu estou querendo aproveitar essa tragédia para gente aprender com ela. Pra ver como a natureza vai voltar, de que forma ela volta, o que vai acontecer. Pra isso, a gente vai trazer pesquisadores aqui para aproveitar esse momento e aprender com ele", diz Roberto Klabin.

Ele fala ainda que sabe "que a natureza vai voltar" e que a intenção com a pesquisa sobre o meio ambiente pós-queimada também é saber "como se preparar para se um dia isso acontecer de novo".

Roberto Klabin fala sobre a situação da fazenda

Reprodução/TV Morena

Queimada

O incêndio no Recanto Ecológico Caiman começou na tarde de quarta-feira (11) e se espalhou rapidamente devido à combinação de tempo seco e calor. A suspeita é que o fogo tenha começado em outras fazendas, atravessado o rio Aquidauana e chego à propriedade rural onde se estuda a preservação de onças, de araras e de papagaios, além de possuir um rico bioma.

Militares, policiais ambientais, equipe de brigadistas da fazenda e do Ibama, um caminhão do Exército e um avião agrícola carregado com água conseguiram controlar as chamas. No entanto, ainda há focos e como o tipo de vegetação faz o fogo se espalhar, cerca de 100 pessoas trabalham para acabar com as chances de novos incêndios.

Uma sala de monitoramento foi montada na fazenda para avaliação da situação. Drone da Polícia Militar Ambiental faz imagens aéreas, que são enviadas para a sala. Pontos amarelos na imagem indicam os focos e Ibama, policiais, bombeiros e trabalhadores da propriedade decidem como agir.

Área queimada na fazenda Caiman em Miranda, MS

Corpo de Bombeiros/Divulgação

Onças

As chamas não atingiram as pousadas e casas de funcionários, mas chegaram bem perto da sede do projeto Onçafari e passaram pela área onde ficam os recintos de reintrodução de onças na natureza.

No mesmo post em que destacam a dimensão dos estragos, pesquisadores do projeto relatam que conseguiram salvar a onça-pintada Jatobazinho, que está sendo preparada para ser reintroduzida no habitat natural. Ela estava no recinto atingido pelo fogo e foi levada de avião para um local seguro em outra fazenda.

Conforme os bombeiros, o incêndio pode ter matado animais que vivem na região mas, por enquanto, não é possível avaliar o prejuízo ambiental.

Onça Jatobazinho foi resgatada quando seria reintroduzida na natureza

Projeto Onçafari/Divulgação

Incêndios em MS

O município onde fica a fazenda está entre os 9 de Mato Grosso do Sul em situação de emergência por causa da quantidade de queimadas. O decreto que coloca as áreas rurais de Miranda, Aquidauana, Anastácio, Dois Irmãos do Buriti, Corumbá, Ladário, Bonito, Porto Murtinho e Bodoquena com necessidade de ações de controle urgentes, foi publicado nesta quinta-feira (12) do Diário Oficial do Estado.

A Defesa Civil avalia a situação como "crítica". O número de focos de queimadas no Pantanal de 1º janeiro a 11 de setembro de 2019 já é 334% maior do que o registrado no mesmo período em 2018; e 43,6% acima da média registrada nos mesmos dias dos últimos 21 anos (de 1998 a 2018). Os dados são do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Região queimada do Porto Morrinho em Corumbá (MS)

Prevfogo/Divulgação