Visitação à memorial e santuário da Santa Dulce tem aumento de 100% em 2019

Visitação à memorial e santuário da Santa Dulce tem aumento de 100% em 2019

Complexo turístico religioso fica no bairro de Roma, em Salvador e recebeu 125 mil visitas. Entre turistas, visitantes de São Paulo, Minas e Rio de Janeiro lideram. Imagem de Irmã Dulce no Santuário em Salvador

João Souza/G1 BA

As visitações ao santuário e memorial da Santa Dulce dos Pobres aumentou 100% em 2019, em comparação a 2018. A informação é da assessoria das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid).

Conforme os responsáveis pela Osid, o aumento ocorreu após o anúncio da canonização da Santa Dulce dos Pobres, a primeira santa brasileira. Em 2018 foram 65 mil visitas, já no ano passado, foram 125 mil visitas.

Somente na semana pós canonização, entre 13 e 20 e outubro de 2019, o memorial e o santuário receberam 11 mil visitantes. Conforme a avaliação da Osid, o maior número de visitantes é do interior da Bahia.

Imagem da Santa Dulce dos Pobres em santuário que fica no Complexo das Obras Sociais dela, em Salvador

Maiana Belo/ G1

Dos visitantes de outros estados, o complexo recebeu, em maioria, turistas de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

A equipe da Osid notou, ainda, que a canonização provocou nas pessoas que moram em Salvador, um interesse especial em conhecer mais sobre a santa nascida na capital baiana e passaram a incluir visitas ao memorial e ao santuário em seus roteiros de passeio no final de semana.

O Vaticano considera que Santa Dulce dos Pobres é a primeira santa brasileira. Embora outras brasileiras e uma religiosa que atuou no país tenham sido canonizadas pela Igreja Católica anteriormente, irmã Dulce é a primeira mulher nascida no Brasil que teve milagres reconhecidos.

Beatificação e caminhos para canonização

Basílica de São Pedro no Vaticano, em Roma, durante canonização de Irmã Dulce

Maiana Belo/G1

Irmã Dulce foi beatificada em 2011, após ter o primeiro milagre reconhecido. A graça alcançada foi a recuperação de uma paciente que teve uma grave hemorragia pós-parto e cujo sangramento subitamente parou, sem intervenção médica. Após beatificada, Dulce Lopes Pontes passou a ser chamada "Bem-aventurada Dulce dos Pobres".

Para ser considerada santa, Irmã Dulce precisaria ter um segundo milagre reconhecido, o que ocorreu em maio de 2019. O miraculado, o maestro soteropolitano José Maurício, voltou a enxergar após fazer uma oração para a então beata. Ele teve glaucoma e começou a perder a visão em 1999. Em 2000, ele já estava cego, mas em 2014 voltou a enxergar.

José Maurício foi ao Vaticano para acompanhar a cerimônia de beatificação e chegou a receber a bênção de Papa Francisco durante a missa de canonização.

Além do milagre recebido por José Maurício, outras duas graças alcançadas por devotos após orações a Irmã Dulce estavam sendo analisadas pelo Vaticano para o processo de canonização da religiosa.

Os três casos foram enviados ao Vaticano pelas Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), em 2014, após análise de profissionais da própria instituição. Os outros dois milagres que ainda não foram confirmados pelo Vaticano e continuam sendo analisados.

O Vaticano tem quatro exigências quanto à veracidade de uma graça, até ser considerada milagre: ser preternatural (a ciência não consegue explicar), instantâneo (acontecer imediatamente após a oração), duradouro e perfeito.

Trajetória de Irmã Dulce

Irmã Dulce, ainda criança, à esquerda da foto, com a família

Divulgação/Obras Sociais Irmã Dulce

Nasceu em 26 de maio de 1914, em Salvador

Quando ela tinha 7 anos, sua mãe morreu

Aos 13 anos, ela acolhia mendigos e doentes na casa onde morava com o pai e os irmãos, no bairro de Nazaré, na capital baiana

A vida religiosa começou aos 18 anos, quando, após se formar como professora primária, ela ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus

Somente aos 19 anos, mais especificamente em 13 de agosto de 1933, recebeu o hábito de freira e adotou o nome de Irmã Dulce em homenagem à mãe, que se chamava Dulce Maria; naquele mesmo mês, ela viveu 6 meses em São Cristovão (SE) e depois voltou para Salvador

No ano de 1935, iniciou a assistência à comunidade carente, sobretudo nos Alagados, conjunto de palafitas que foi formado no bairro de Itapagipe, na capital baiana

Em 1939, Irmã Dulce invadiu cinco casas, em um local de Salvador conhecido como Ilha dos Ratos. Nos imóveis, ela acolhia enfermos e desabrigados

Ainda na década de 30, ajudou operários do bairro de Itapagipe, em Salvador, a formarem a União Operária São Francisco. Logo depois, juntamente com Frei Hildebrando Kruthaup, fundou o Círculo Operário da Bahia

Junto aos trabalhadores, ela inaugurou um colégio para os filhos dos operários e ainda ajudou a fundar os cinemas Plataforma e São Caetano, além do Cine Teatro Roma; a renda obtida nos cinemas contribuía para a manutenção do Círculo Operário

Na década de 60 transformou um galinheiro do Convento de Santo Antônio em albergue. Mais tarde, o lugar deu origem ao Hospital Santo Antônio, no Largo de Roma, em Salvador, e as Obras Sociais que levam o nome dela

Em 13 de março de 1992, faleceu em Salvador na Bahia

Em 2011, foi nomeada beata

Em 13 de outubro de 2019 foi canonizada e se tornou santa com o nome Santa Dulce dos Pobre

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