Acusado de agredir jovem que urinou em carro pega 12 anos, mas com redução de pena vai cumprir 4 no regime aberto

Acusado de agredir jovem que urinou em carro pega 12 anos, mas com redução de pena vai cumprir 4 no regime aberto

Julgamento foi realizado nesta terça-feira (17), em Campo Grande. Agressor diz que não tinha intenção de matar o estudante após ele urinar no carro dele

Graziela Rezende/G1 MS

Jhonny Celestino Holsback Belluzzo. acusado de agredir o estudante Samuel Acosta Garcia Gomes, de 21 anos, por urinar no pneu seu carro, foi condenado a 12 anos de prisão por tentativa de homicídio, na tarde desta terça-feira (17), no Fórum de Campo Grande. Entretanto, a Justiça entendeu que a tentativa foi interrompida na fase inicial e, por isso, reduziu a pena em dois terços, o que resultou em uma condenação de 4 anos em regime aberto, que serão cumpridos na Casa do Albergado.

No julgamento, Jhony disse que aprendeu um dos golpes aplicados contra Samuel ao assistir uma luta de UFC. Ele também ressaltou que "agiu por impulso", além de garantir que "jamais teve intenção de matar" a vítima.

"Eu saí da festa e recebi uma ligação dizendo que tinham urinado no meu carro. Ao chegar, vi jovens ao redor e uma algazarra. Voltei pra festa e não encontrei um amigo. Depois, no meu carro, vi urina pra todo lado, na maçaneta e tirei a camiseta, limpei e fomos atrás deles. Lá na frente da casa, tinha muitos curiosos e pessoas indignadas. Avistamos o Samuel e mais alguns amigos, o pessoal saiu correndo atrás dele e eu voltei pro carro para ir onde eles estavam. Ao chegar, achei até que a briga já tinha começado e fui em direção dele [Samuel] para saber porque ele tinha feito aquilo [urinado no carro dele]", explicou o também estudante Jhonny Celestino Holsback Belluzzo.

Segundo Jhonny, a procura por Samuel ocorreu porque ele "queria uma satisfação dele". "Eu vi urina na porta, capô, maçaneta e fiquei muito nervoso. Nem vi o que estava fazendo. Um deles foi pra cima dele e eu também fui. Na hora, eu fiquei completamente cego com a situação, foi por causa do nervosismo mesmo", ressaltou.

Ainda conforme o depoimento do agressor, a "situação saiu do controle" e o deixou muito nervoso. No entanto, o estudante ressalta que apenas "bebeu bastante energético" e agrediu Samuel "na hora da raiva".

Questionado sobre o fato de tê-lo imobilizado, algo apontado como o golpe mata-leão, Jhonny ressalta que "nem sabia o que estava fazendo". O promotor de justiça José Artur Bobadilha aproveitou a ocasião e mostrou um vídeo, no qual foi feita a degravação e o agressor fala 6 vezes que a vítima vai morrer. Durante a discussão, amigos do Samuel pediram para ele parar, ainda conforme o promotor, por 42 vezes.

"Não sabia desse golpe [mata-leão]. Eu agi por impulso...caí na real depois que meu amigo falou e soltei ele [Samuel]. Aquilo ali [golpe] eu já tinha visto em luta de UFC....foi só depois que eu dei conta da grande besteira que estava fazendo", lamentou.

Ainda conforme Jhonny, houve uma conversa depois com a vítima, no qual ele ofereceu ajuda médica e também pagar um celular, já que ele havia perdido. Depois, não tiveram mais contato. "Passou esse tempo todo e, no ano passado, nós nos encontramos em uma festa e conversamos mais de horas. Eu pedi desculpas e tinha ficado tudo certo", afirmou.

Antes, prestou depoimento a vítima. O estudante de Direito Samuel Acosta Garcia Gomes, de 21 anos, disse em júri popular que escolheu o veículo aleatoriamente e não tinha intenção em provocar o acusado.

"Estava em uma festa onde havia controle de entrada e saída. Eu saí de lá apertado. Virei a esquina e íamos a pé até a casa de um amigo, ficava de 10 a 15 minutos dali. No caminho, tinha um monte de carros e eu urinei atrás de um. Depois, avistei dois meninos e eles falaram que era o carro do Johny. Eu respondi: desculpa, eu não sabia", contou a vítima.

Ainda segundo Samuel, duas testemunha caminhavam com ele e desconfiaram que seriam agredidos. "Quando os caras falaram aquilo até comentei: acho que vão vir atrás da gente. Já chegando na casa, vimos dois carros com farol ligado e tentando correr", explicou.

Segundo a vítima, o trio conseguiu correr por cerca de duas quadras, mas, parou pelo fato de já estarem cansados. "Eu não aguentava mais e falei: o que tiver de acontecer, vai acontecer. Eram muitos, não tinha como revidar. Fiquei deitado de bruços enquanto o Johny chegava. Eu perguntei: ele vai sair da festa pra me bater?", relembrou.

Agressão

O caso começou a ser investigado pela Polícia Civil após um vídeo com a agressão circular em redes sociais. As imagens foram feitas por uma das pessoas que assistiam às agressões e foram mostradas durante o julgamento.

No vídeo, é possível ouvir pedidos para os suspeitos pararem os ataques. Um rapaz tenta, sem sucesso, separar a briga: "Não mata ele, não". A sessão de violência durou pelo menos 1 minuto e 25 segundos, conforme a gravação.

Na época, o também advogado de Jhonny, Ronye Mattos, disse que o cliente dele não queria machucar Samuel. "Ele não tinha intenção de ocasionar mal maior. Foi um momento em que ele ficou nervoso e ele já se arrependeu disso. Ele já procurou o rapaz, o rapaz já procurou ele, já pediu desculpa", afirmou a defesa.

Após a divulgação do caso, o rapaz fez um vídeo pedindo desculpas à vítima. "Vim pedir perdão pela violência gratuita que vocês viram. Principalmente perdão aos pais do Samuel e ao Samuel. Foi uma m**** que eu fiz. Nunca quis causar um mau maior para ele", falou o jovem no vídeo.