Da descoberta ao transplante, Mari se tornou 'case de sucesso' e agora ajuda jovens a enfrentar doença renal em MS

Da descoberta ao transplante, Mari se tornou 'case de sucesso' e agora ajuda jovens a enfrentar doença renal em MS

Cabeleireira teve história contada no G1 e chegou a dar entrevista no programa Encontro, da Fátima Bernardes. Após receber rim da irmã, ela retomou rotina e agora ajuda pacientes. Paciente que passa por sessões de hemodiálise recebeu visita de antiga paciente do HR em MS

Redes sociais/Reprodução

A emoção "veio forte" logo na entrada dos corredores do Hospital Regional (HR), em Campo Grande. Enquanto percorria o caminho, lembrou dos 12 meses e 22 dias em que passou por sessões de hemodiálise e recebeu o rim doado pela irmã. Da descoberta da doença ao transplante, Marisângela Lima Rosa Oliveira, de 34 anos, se tornou "case de sucesso" e agora recebe convites para conversar com jovens que enfrentam o mesmo problema, além de fazer a primeira palestra nesta quinta-feira (26), na Santa Casa.

"Eu sofri como estas pessoas, chorei muito, senti dores e venci. No início, passei pelo mesmo processo de entrega dos pacientes, principalmente os jovens. Eu pensei em morrer, em desistir e hoje estou bem, graças a Deus. Retomei a minha profissão como cabeleireira e também recebi, neste mês de setembro, o convite para conversar com pacientes no HR e também contar minha história na Santa Casa", afirmou ao G1 Mari, como é conhecida.

Enfermeira conta que decidiu convidar antiga paciente para motivar jovem durante tratamento

WhatsApp/Reprodução

O convite foi feito pela enfermeira Regina Aparecida Terra da Rosa, de 42 anos, que atua há 20 anos na profissão, sendo 11 destes no HR com pacientes renais. "Eu e meus amigos enfermeiros percebemos que a doença renal possui um estigma muito pesado. A pessoa, quando recebe o diagnóstico, geralmente vai pesquisar na internet e lá fala em doença renal crônica terminal. Esse termo é usado por conta da lesão do rim, que é irreversível. Mas, para as pessoas leigas, esse termo remete a morte e ela começa a viver o luto ali mesmo", explicou.

Ainda conforme a enfermeira, a equipe médica constatou que está aumentando o número de pacientes renais jovens, seja por problemas de pressão alta, diabetes, infecções, desidratação ou até mesmo o uso inadvertido de medicamentos. "São pessoas que estão fazendo um planejamento de vida, buscando conquistas e ficam muito abaladas, quando recebem o diagnóstico. Então, nós estamos sempre buscando formas de acolher e foi aí que eu lembrei da Mari para conversar com a Vitória. Ela tem apenas 22 anos, passa dias chorando e chegou a falar que não ficaria viva até o Natal deste ano", lamentou.

Jovem em MS fala sobre rotina de tratamento da doença e conta que pensou em desistir

Redes sociais/Reprodução

Segundo Regina, Mari teria um "lindo testemunho" para passar pra ela. "Além da Vitória também temos outra jovem que deu entrada no programa e está passando por essa fase de negação da doença. E foi muito bacana quando falei com a Mari e ela estava prontamente disposta para ajudar. Agora, também estamos fazendo algumas terapias de forma voluntária, principalmente para os pacientes na fase inicial e também queremos fazer um evento no Parque das Nações, um piquenique de encontro dos pacientes e familiares", ressaltou.

Jovem conta que descobriu doença renal há 1 ano e desistiu por um tempo do tratamento

Vitória Bueno Vilela Klaizr fala que descobriu há 1 ano e meio. "Estourou uma veia no meu olho e estava inchado. Depois, quando soube que era uma doença crônica no rim, pensei em desistir e cheguei a parar o tratamento por um tempo. Isso foi em fevereiro e eu não ia mais nas sessões. Agora, retomei e tem vezes que passo mal e vomito, mas, vou continuar. A minha conversa com a Mari ajudou bastante, ela esclareceu muita coisa e, mesmo sendo cansativo e dolorido, vou continuar", afirmou.

A jovem, que é mãe de duas crianças de 3 e 4 anos, fala que os filhos a motivam muito. "Eu frequento o hospital 3 vezes por semana. Moro em Rio Verde e venho só para o tratamento, só que estava semana eu passei o cateter e, por conta da dor, decidi ficar por aqui", contou.

Mari não perdeu a alegria mesmo diante a tantas dificuldades no tratamento em MS

Mari Oliveira/Arquivo Pessoal

Sobre a conversa com Vitória, Mari fala que contou de todo o processo, deu carinho e pediu a ela para confiar em Deus. "Fui lá e foi como reviver o passado, como se eu estivesse vivendo tudo aquilo de novo. É uma sensação de tristeza mas, ao mesmo tempo, bem por estar transplantada. Eu falei que o processo é difícil, principalmente na hora de furar o braço, é assustador. No entanto, ela não deve esmorecer e estamos em contato pelo WhatsApp todos os dias", disse.

Na manhã desta quinta-feira (26), Mari deu um intervalo no salão para palestrar a pacientes e profissionais da área da saúde, durante um workshop de doação de órgãos. "Estou aqui para falar como eu descobri a doença e como é a minha vida. Me colocaram aqui como case de sucesso e vou fazer o meu papel, passando as emoções, tudo o que vivi e também pretendo dar esperança para quem está na máquina. Quem me viu magrinha, sequinha e me vê hoje, saberá do desespero, vontade de morrer, mas, acima de tudo, a superação pela qual eu passei", finalizou a cabeleireira.

Evento em MS colocou cabeleireira que recebeu rim doado pela irmã como case de sucesso

Santa Casa/Divulgação