Arara resgatada com ferimentos graves recebe implante de bico inédito em MS

Arara resgatada com ferimentos graves recebe implante de bico inédito em MS

Animal é possível vítima de atropelamento e passou por procedimento cirúrgico. Bico de animal falecido foi recortado e ajustado para arara conseguir se alimentar. Arara-canindé com bico implantado em procedimento inédito realizado em MS

Imasul/Divulgação

Uma arara-canindé adulta passou por um procedimento cirúrgico inédito no último dia 29, em Campo Grande. O animal, encontrado com ferimentos graves e resgatado pela Polícia Militar Ambiental (PMA) de Mato Grosso do Sul, recebeu um implante de bico, para repor o que ficou gravemente ferido, possivelmente em um acidente na região urbana da capital sul-mato-grossense.

O procedimento foi realizado por veterinários do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS). De acordo com o veterinário Lucas Cazati, que coordenou a equipe de cirurgia, o animal é uma possível vítima de atropelamento. "Ela chegou com muito sangramento e desde a sua entrada no CRAS, até a cirurgia, o trabalho se concentrou em tirá-la da situação de risco. Realizamos todo um procedimento que nos permitiu um diagnóstico favorável à cirurgia", contou ao Instituto de Meio Ambiente do estado (Imasul).

Para a cirurgia, foi realizado uma espécie de enxerto. Cazati explica que a equipe já havia realizado pequenas cirurgias de reparo em casco de jaboti, mas que o procedimento na arara foi mais complexo. "Utilizamos um bico de animal já falecido, que foi recortado, ajustado com resina de dentista e fixado com parafusos ortopédicos, de forma que a arara fique bem e consiga se alimentar", afirma.

O procedimento também é importante pois o bico forte de uma arara-canindé é, inclusive, uma das principais características dessa ave, e costuma ser usado também para ingerir pedrinhas, que auxiliam na trituração de sementes de algumas das palmeiras que fazem parte da dieta dessas araras.

O procedimento cirúrgico durou 1h30, até a colocação, e envolveu uma equipe de 7 pessoas, entre veterinários, biólogos e zootecnista. A arara segue em tratamento e acompanhamento dos profissionais. No processo de adaptação, será alimentada com alimentos mais macios, como mamão e outras frutas.

"É um período que exige cuidados, mas nosso prognóstico é de que em até 2 meses ela poderá ter condições de voltar à natureza", disse Cazati

A realização do procedimento incentivou a criação de um "banco de bicos" para atender aves que são vítimas desse tipo de ferimento. "Também vamos compartilhar essa experiência com a comunidade científica, por meio de um artigo científico", finaliza o veterinário do CRAS.

Centro de Reabilitação de MS faz implante de bico em arara-canindé