Diante ao medo do coronavírus, rota à Turquia vira ameaça e pacientes fazem transplante capilar no Brasil

Diante ao medo do coronavírus, rota à Turquia vira ameaça e pacientes fazem transplante capilar no Brasil

Empresário conta que tinha fechado pacote para o exterior, porém, com medo da doença e exposição no aeroporto, decidiu fazer o procedimento em clínica de MS. Médico de MS conta que notou aumento de pacientes interessados em fazer transplante capilar

Baltazar Sanabria/Arquivo Pessoal

A ameaça do coronavírus está fazendo interessados em transplante capilar ou outros procedimentos de preenchimento de cabelo, a mudarem a rota da Turquia para o Brasil. Atraídos com pacotes que incluem passeios turísticos e preço competitivo da cirurgia, muitos viajavam para o oriente médio. No entanto, diante ao medo de circularem em grandes aeroportos, são as clínicas brasileiras que se tornaram "alvo" destes pacientes.

O empresário Anderson Luiz de Carvalho, de 39 anos, conta que tinha fechado para junho deste ano a viagem ao exterior. "Fiz consultas desde o ano passado e esta seria a minha segunda viagem para fazer implante capilar na Turquia. Tinha me programado, inclusive com seis amigos e um grupo no WhatsApp com pessoas do Brasil inteiro, mas, tem o coronavírus, o dólar caro e, juntando tudo isso, vou fazer aqui mesmo", disse.

Conforme o empresário, desde que marcou a consulta em um consultório de Campo Grande, percebeu que o preço das clínicas do ramo, estão mais competitivos. "O que levava muita gente até lá seria a tecnologia barata. Só que, atualmente, pensando no preço competitivo, na ameaça do coronavírus e o dólar, sai a mesma coisa. Agora, já estou com data marcada e vou fazer aqui mesmo. Lá eu gastaria em torno de R$ 18 mil e agora aqui o preço está igualado", comentou.

O médico que irá atendê-lo, o dermatologista e especialista em implante, Baltazar Sanabria, ressalta que constatou aumento da procura por consultas. "Eu tenho notado aumento e já tenho um percentual maior de pacientes com agenda para cirurgia, inclusive o caso deste que cancelou a viagem e quatro ou cinco que relataram o medo da doença, aliada ao perigo por ser uma região acometida pela guerra", disse.

Segundo o profissional, existem profissionais que cobram valores exorbitantes, que chegam a R$ 60 mil em um procedimento do tipo. No entanto, a média de valor fica entre R$ 15 mil a R$ 20 mil. "Por muito tempo ficou disseminada a informação que seria mais vantajoso viajar para Turquia e fazer lá a cirurgia de calvície. Só que a segurança do pós-operatório oferecida aqui não tem valor. Com a questão do coronavírus, existe também a exposição em grandes aeroportos e hotéis", avaliou.

Médico que possui 3 clínicas no Brasil também notou aumento da procura de pacientes

Alessandro Alarcão/Arquivo Pessoal

Já o dermatologista Alessandro Louza Alarcão, que também é membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e possui clínicas em Goiânia, Anápolis e Rio de Janeiro, avalia um aumento de 25% no número de consultas, nos últimos 40 dias, desde que notícias do coronavírus começaram a circular com maior intensidade.

"Eu fui um dos primeiros a falar sobre o assunto com os colegas médicos, sobre a questão desse aumento da procura e a segurança que os pacientes possuem ao fazer o procedimento aqui mesmo, no Brasil. Nas três clínicas que atendo, temos, no mínimo, 11 profissionais envolvidos nos procedimentos, sendo 3 médicos - dois cirurgiões capilares e 1 anestesista - além de 1 fisioterapeuta e o restante são enfermeiros. A cirurgia começa por volta das 7 horas e se estende até às 17 horas, geralmente", disse.

E foi pensando na segurança que um policial civil, que mora em Araguari, Minas Gerais. "Eu iria para a Turquia e, realmente, por conta da ameaça do vírus, decidi fazer aqui no Brasil mesmo e estou muito satisfeito", disse.

O profissional que fez o procedimento dele, o dermatologista e especialista em restauração capilar, Gustavo Martins, fala que também notou o aumento de ligações para marcar consultas e também cirurgias.

"Posso dizer que houve aumento de 30% na procura nos lugares que atendo, que é Uberlândia e Ituiutaba. A maioria dos pacientes agora prima pela segurança e este é um ponto que eles frisam bastante. Outra questão aqui é exigência da vigilância sanitária aqui, algo que não é frequente na Turquia e constantemente também atendo pacientes que se arrependeram e falam em cirurgias mal feitas. É uma exigência muito grande, correta e adequada por parte da vigilância", argumentou Martins.

No consultório, ele fala que o assunto do coronavírus é frequente. "Tenho pacientes que já tinham fechado pacotes turísticos, já que eles oferecem passeios para a Capadócia, além da cirurgia em si. Acho que por isso muitas pessoas acham interessante, porém, é momento de pensar sempre na questão da segurança", finalizou.